Foto Marcelo Camargo/ Agência Brasil |
A
ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou nesta segunda-feira (3),
duas portarias que instituem a recomposição financeira para os serviços
residenciais terapêuticos (SRT) e para os centros de atenção
psicossocial (Caps), totalizando mais de R$ 200 milhões para o orçamento
da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) no restante de 2023. Ao todo, o
recurso destinado pela pasta aos estados será de R$ 414 milhões no
período de um ano. Foto Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O
anúncio foi feito durante a 17º Conferência Nacional de Saúde, que
acontece até a próxima quarta-feira (5) em Brasília. O evento reúne
representantes da sociedade civil, entidades e movimentos sociais para
debater temas prioritários para o sistema público de saúde, incluindo a
saúde mental. O montante anunciado representa um aumento de 27% no
orçamento da rede, no intuito de aumentar a assistência à saúde mental
no Sistema Único de Saúde (SUS).
O
repasse será direcionado para um total de 2.855 Caps e 870 SRT
existentes no país. Todas as instituições, de acordo com o ministério,
terão recomposição do financiamento e os recursos serão incorporados ao
limite financeiro de média e alta complexidade de estados, do Distrito
Federal e dos municípios com unidades habilitadas.
Nísia
lembrou que, durante os encontros preparatórios para a conferência
nacional, nos estados e municípios, surgiram dois pontos de consenso: o
reforço do SUS e da democracia. “Nesse contexto, a saúde mental tem
lugar especial”, destacou, ao citar retrocessos e o que ela mesma chamou
de negacionismo identificados no país ao longo dos últimos anos.
“Um
descaso com o sofrimento, agravado pela pandemia de covid-19. A pauta
de saúde mental é hoje discutida em todo o mundo. Não está referida só
ao efeito da pandemia. Tem muito a ver com a solidão com que as pessoas
vivem hoje, com o individualismo crescente que, muitas vezes, se
manifesta na dificuldade de ter relações sociais, nisso que hoje se
chama de efeito tóxico da comunicação só pelas redes sociais.”
Novas habilitações
Desde
março, 27 novos Caps, 55 SRT, quatro unidades de acolhimento e 159
leitos em hospitais gerais – a maioria em estados do Nordeste – foram
habilitados pela pasta. Os novos serviços estão localizados nos
seguintes estados: Alagoas, Bahia, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Acre, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Este
ano, o ministério criou o departamento de Saúde Mental, responsável
pela retomada da habilitação de novos serviços e por iniciar estudos
para a recomposição do custeio dos Caps e dos SRT. Segundo a pasta,
diversos estudos acadêmicos reiteram que a ampliação da oferta de
serviços comunitários em saúde mental diminui a demanda por
hospitalização, assegurando mais qualidade de vida à população.
“A
criação do departamento foi algo que nos dedicamos com afinco porque já
vinha sendo apontado, durante a equipe de transição, com muita força
esse tema. Acreditamos na sua importância. E é também um tema permanente
nas discussões do Conselho Nacional de Saúde”, avaliou Nísia.