Uma campanha lançada neste mês pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) pretende chamar a atenção de candidatos e eleitores para a importância de colocar crianças e adolescentes como prioridade na agenda política dos próximos anos.
A entidade, que representa o braço das Nações Unidas (ONU) para a infância e a juventude, pretende se reunir com candidatos à Presidência da República e aos governos dos estados para apresentar a Agenda pela Infância 2015-2018, que reúne sete desafios para os próximos quatro anos em áreas como educação, proteção e saúde, assim como ações concretas para superá-los.
A campanha da Unicef envolve ainda ações nas redes sociais, com a hashtag #voteemmim. Por meio de vídeos curtos, os desafios são apresentados por crianças que fazem o papel de candidatos, e pedem aos eleitores para votar (pensando) nas crianças. A ideia é que os internautas compartilhem os vídeos com a pergunta: "O que você vai fazer pela infância?"
Mortalidade infanto-juvenil
Para o representante da Unicef-Brasil Mário Volpe o principal desafio, entre os sete colocados na campanha, é a redução da alta taxa de homicídios entre os jovens brasileiros. “É inadmissível que o Brasil seja o segundo país do mundo com major número de adolescente assassinados por ano. São 11 mil adolescentes, praticamente um adolescente assassinado por hora. Só ficamos atrás da Nigéria”, alerta Volpe.
Integrante da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) também considera o controle da mortalidade infanto-juvenil como o maior desafio dos candidatos eleitos. “A maior causa de mortalidade infantil são os homicídios e eles atingem, sobretudo, negros e moradores das periferias”, explica a deputada e ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos Presidência da República.
A deputada defende como solução a substituição dos espaços de violência por espaços de educação, de convivência e de cultura. “A juventude precisa ser puxada para uma perspectiva de vida, para poder ter seus sonhos, seus planos e projetos de vida”, conclui.
Partos humanizados
Mario Volpe, da Unicef-Brasil, também destacou como prioridade o desafio de reduzir o número de cesarianas desnecessárias, abrindo mais espaço para os partos humanizados no País. “O foco do momento do nascimento não está na mãe e na criança. Às vezes, o foco está nos interesses econômicos e no interesse disciplinar um hospital, de criar um ambiente, em vez de focalizar no bem estar da mãe e da criança”, afirma.
Os demais desafios da Agenda da Infância 2015-2018 do Unicef são:
Eliminar as mortes evitáveis de crianças menores de 1 ano de idade e reduzir a mortalidade infantil indígena; Garantir que cada criança e cada adolescente de 4 a 17 anos tenham acesso a escolas públicas inclusivas e de qualidade,
aprendendo na idade certa os conhecimentos correspondentes a cada ciclo de vida;
Garantir o acesso à justiça para todas as crianças e adolescentes; Assegurar que adolescentes e jovens participem da vida democrática do País; e Garantir a atenção humanizada e especializada para adolescentes e jovens nos serviços de saúde.
* Com informações Agência Câmara