São Paulo. Apesar de a candidata à Presidência Marina Silva (PSB) ter dito, em seu discurso para evangélicos, que não pretende instrumentalizar sua fé nem misturar púlpitos e palanques, o evento de ontem, acabou servindo como palanque para que lideranças religiosas manifestassem apoio à candidata.
"Não temos pretensão de ter candidato evangélico, mas Marina Silva é evangélica, então eu, com muita alegria, representando esses 2 milhões de membros que nós temos, estou aqui para reafirmar que a Igreja Fonte da Vida é Marina Silva", disse o apóstolo César Augusto, da Igreja Fonte da Vida, que subiu ao palco antes de Marina.
"Nós temos um projeto que vem de Deus e eu creio que está aqui. Além da oração, precisamos ter unidade e muito trabalho", disse Augusto. "Esse projeto, Marina Silva, não vem dos homens, vem de Deus. Ele não nasceu do coração humano, ele nasceu do coração divino", completou o religioso.
Valnice Milhomens, da Igreja Nacional do Senhor Nacional do Senhor Jesus Cristo, pessoalmente próxima de Marina e que organizou o evento, disse que as lideranças não estavam ali para fazer críticas ou demandas, mas para prestar apoio e solidariedade à candidata.
"Nos mobilizamos não apenas para dar apoio e suporte a uma candidatura que nos representa, que carrega consigo muito do ideário cristão, mas também nos aproximamos para atestar nosso compromisso em defesa àquilo que é maior do que qualquer projeto político, a saber, o Evangelho do nosso senhor Jesus Cristo e a sua Igreja", disse Ed René Kivitz, da Igreja Batista da Água Branca. Kivitz defendeu a identidade evangélica, para ele hoje considerada quase um "xingamento".
Crise energética
Marina Silva, afirmou ontem que o país estaria enfrentado uma "grave" crise energética se tivesse mantido o ritmo de crescimento de governos anteriores.
Marina voltou a defender o investimento na diversificação da matriz, com foco nas chamadas energias limpas como a solar, a eólica e a proveniente da biomassa.
"Se o Brasil estivesse crescendo como cresceu em governos anteriores, nós estaríamos numa grave crise energética", disse a ex-senadora a jornalistas em Varginha (MG). No primeiro semestre deste ano, o país entrou em recessão técnica.
A candidata, que já foi ministra do Meio Ambiente no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu que irá manter projetos de hidrelétricas que "provem" viabilidade econômica, social e ambiental.
Ministério da Agricultura
O candidato a vice na chapa de Marina Silva (PSB), Beto Albuquerque, garantiu a representantes do agronegócio que a ex-ministra ouve as partes interessadas antes de tomar decisões, "diferentemente da atual presidente". Durante reunião na Sociedade Rural Brasileira, além das questões inerentes ao setor, Albuquerque também foi questionado sobre o perfil de gestão de Marina e o seu papel em um eventual governo do PSB. "Meu papel terá os limites que a presidente determinar, mas não serei um vice que apenas vai substituir a ausência da Marina", afirmou. O candidato reiterou que gostaria de governar com os melhores de todos os partidos.