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Foto Natinho Rodrigues/ Opinião CE |
A
Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA)
confirmou oficialmente o retorno do fenômeno climático La Niña, condição
que deve se estender até dezembro de 2025 ou início de 2026. A formação
traz efeitos diretos para o Brasil, especialmente nas regiões Norte e
Nordeste, onde há previsão de chuvas acima da média nos próximos meses.
Em termos de temperatura do ar, as condições tendem a ser mais amenas no Ceará.
Conforme
a NOAA, as condições típicas do fenômeno começaram a ser observadas em
setembro de 2025, quando houve uma queda consistente nas temperaturas da
superfície do mar no Pacífico Equatorial Central e Leste. Para que a La
Niña seja considerada oficialmente instalada, é necessário que a
anomalia térmica fique abaixo de -0,5 °C por três trimestres móveis
consecutivos — critério que já foi atendido.
A
La Niña é caracterizada pelo esfriamento das águas superficiais do
Oceano Pacífico, o que reduz as temperaturas globais e altera padrões
atmosféricos em escala planetária. O fenômeno atua como o oposto do El
Niño, que costuma provocar aquecimento oceânico e estiagens prolongadas
em algumas regiões do País.
No
Ceará, historicamente, os eventos de La Niña estão associados a um
aumento nas chuvas. Isso se deve à influência de La Niña no
fortalecimento dos ventos alísios e na circulação atmosférica, que
favorece a formação de nuvens de chuva na região. A variação dos
impactos do fenômeno depende de sua intensidade, além das condições de
temperatura da superfície do mar no Atlântico Tropical.
Condições
do Atlântico Tropical com anomalias quentes na temperatura da
superfície do mar na porção norte e anomalias frias na porção sul tendem
a enfraquecer o efeito da La Niña no Ceará. Inversamente, anomalias
frias no norte e anomalias quentes no sul produzem condições que
favorecem os efeitos da La Niña. Isso acontece devido ao favorecimento
da posição da Zona de Convergência Intertropical no Atlântico Tropical
mais próximo à costa nordestina.
Setor hídrico
No
Ceará, o cenário é visto com atenção pelo setor hídrico e pela Defesa
Civil. Se confirmado o aumento de precipitações, a La Niña pode ajudar a
elevar o nível dos açudes e beneficiar plantações no Interior. Por
outro lado, especialistas alertam para a possibilidade de chuvas
intensas e concentradas, com risco de alagamentos e deslizamentos em
áreas vulneráveis.
O
portal Climatempo lembra que os efeitos da La Niña podem variar
conforme a intensidade do evento e sua combinação com outros sistemas
atmosféricos. Fenômenos mais fracos e de curta duração tendem a
apresentar resultados menos previsíveis.
Com
a confirmação, órgãos estaduais e municipais devem reforçar os planos
de contingência para enfrentar tanto os benefícios quanto os desafios
trazidos pelo fenômeno climático — que pode transformar o início de 2026
em um dos períodos mais chuvosos dos últimos anos no Nordeste.
Neste
ano, o Estado ainda ganha um reforço. O sistema de alerta da Defesa
Civil entrou em operação em junho em todos os 184 municípios do Ceará. A
ferramenta se soma aos canais já utilizados pela Defesa Civil. O novo
sistema, denominado Defesa Civil Alerta, permite o envio de mensagens
emergenciais diretamente aos celulares, mesmo em modo silencioso, sem a
necessidade de aplicativos ou cadastros.
Como
divulgou a Defesa Civil cearense, à época, o órgão desenvolve um
trabalho permanente de prevenção, com atenção especial aos desastres
mais recorrentes da região, como as chuvas no primeiro semestre e os
incêndios florestais no segundo.