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Foto Fabiane de Paula/ SVM |
Junho
é o primeiro mês após a quadra chuvosa do Ceará, e é quando o real
inverno começa. Apesar de o senso comum atribuir as chuvas do Estado a
essa estação, ela é marcada, na verdade, por redução das precipitações,
além de grandes variações nas temperaturas em algumas regiões.
O
inverno no hemisfério sul se estende de 20 de junho a 20 de setembro.
No Ceará, durante os meses, há uma gradual diminuição das chuvas, como
observa Vinicius Oliveira, meteorologista e pesquisador da Fundação
Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Apesar
disso, podem ocorrer chuvas pontuais, como as do último fim de semana
no Estado, por exemplo, incluindo Fortaleza. Elas foram resultado de um
sistema meteorológico definido como Distúrbios Ondulatórios de Leste
(DOLs).
“São
consideradas chuvas de pós-estação, e é outro sistema que causa essas
chuvas, as Ondas de Leste, que não são tão frequentes quando comparamos
com a estação chuvosa propriamente dita”, explica Vinicius.
No
Ceará, os meses de julho a novembro registram, historicamente, os
menores acumulados médios do ano. Em setembro, para se ter ideia, a
média histórica é de 2,2 milímetros para o mês inteiro
Temperaturas no Ceará no inverno
A
associação imediata entre inverno e frio pode, sim, ser aplicada no
Ceará – mas o exato oposto também acontece. Neste período, o Estado tem
uma grande amplitude térmica, ou seja, a diferença entre a temperatura
do dia e a da noite cresce.
O
meteorologista da Funceme explica que um dos motivos para isso é a
pouca quantidade de nuvens no céu, causa e consequência da redução nas
chuvas durante o inverno cearense.
“Com
menos nuvens, temos uma maior perda de radiação (solar) à noite, daí as
temperaturas diminuem. Mas na mesma medida, durante a tarde, com menos
nuvens, temos também extremos de temperaturas. Isso começa a ser sentido
a partir do inverno”, destaca Vinicius.
As
regiões do Ceará mais suscetíveis a grandes variações nos termômetros
no inverno e em todo o segundo semestre no Estado são as mais afastadas
do litoral, uma vez que o mar exerce a função de “regulador” da
temperatura.
“As
menores temperaturas do Ceará são justamente nas regiões de serra, mais
elevadas, como Maciço de Baturité, Ibiapaba, Cariri, locais mais altos.
Já no Vale do Jaguaribe, temos temperaturas bem elevadas, que chegam no
segundo semestre a 36, 37°C, à noite descendo para 20°C”, pontua o
pesquisador.
No
ano passado, o município de Aiuaba, no sertão cearense, marcou a menor
temperatura da história do Estado, em 23 de julho: 11,4°C. No mesmo
período, a cidade teve registros próximos a 37°C.