José Eduardo e Rosana Ferrari foram mortos em abril deste ano em São Pedro (SP); suspeitos foram presos nesta semana
O irmão de Rosana Ferrari, que foi assassinada junto com o marido José Eduardo Ometto Pavan em abril deste ano em São Pedro, no interior de São Paulo, contou que a advogada Fernanda Morales Teixeira Barroso esteve no velório do casal. Ela e o marido, Hércules Praça Barroso, são suspeitos de mandar matar os empresários.
Segundo os familiares, os advogados atuavam para José e Rosana há mais de 10 anos. "Ela veio me procurando [no velório], mas não cheguei a conversar com ela", disse o irmão, que preferiu não ser identificado, à EPTV, afiliada da TV Globo na região.
Ele também relatou que Fernanda fez um pedido a uma das funcionárias de uma empresa da qual Rosana era sócia. "Ela queria ir lá [na empresa]. Mas a minha funcionária falou: 'Não, não posso abrir lá'. Mas ela queria ir lá, né? Aí depois, na outra semana, a delegada veio e levou os HDs e deu início à investigação."
O irmão disse que chorou ao saber que o casal é suspeito do crime. "Me deu raiva, uma agonia. Minha irmã nem ele mereciam isso, sempre trabalharam direito, sempre fizeram tudo certinho. Eu espero por justiça, não foi um crime assim de nervoso, de briga, de nada, foi um crime premeditado, que eles premeditaram há muito tempo."
Relembre o caso
José, de 69 anos, e Rosana, de 61, foram encontrados mortos com marcas de tiros no sítio, na serra de São Pedro, no interior de São Paulo, onde residiam.
Os corpos foram encontrados no dia 6 de abril pela Polícia Militar (PM), após vizinhos terem estranhado a caminhonete deles parada em frente à casa sede e nenhum movimento no imóvel. Acionada, a PM fez buscas na casa e achou os corpos trancados no veículo.
O idoso estava na cabine e a mulher na caçamba da caminhonete, com o capô fechado. Os dois tinham marcas de tiros. De acordo com a PM, a mulher tinha um ferimento de bala no lado esquerdo do peito e José Eduardo tinha duas marcas de tiro na região do peito.
Prisão de suspeitos
Fernanda e Hércules foram presos na terça-feira, 17, em São Carlos (SP), durante a operação Jogo Duplo, realizada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba (SP).
De acordo com os investigadores, os advogados falsificaram documentos para conseguir se apropriar de cerca de R$ 12 milhões em imóveis e mais de R$ 2,8 milhões em pagamentos de custos processuais inexistentes. Com a apropriação dos bens, eles encomendaram a morte dos empresários.
A defesa do casal afirmou à emissora que as provas do caso são frágeis. "Havia uma relação entre as partes, uma relação de escritório de advocacia, onde honorários eram pagos através de imóveis, não eram pagos em espécie. Nós vamos conseguir provar a inocência do casal. Agora está iniciando a fase de tomada de depoimentos, mas vamos comprovar que realmente a única relação que havia era justamente a de advogado-cliente, nada mais do que isso", alegou o advogado Reginaldo Silveira.
Também foram detidos na terça-feira os dois suspeitos de executar o crime. Um foi preso em São Carlos e outro em Praia Grande.
Os investigados podem responder por homicídio qualificado, associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e ocultação de cadáver. *(Com informações do Estadão Conteúdo)