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Foto Diário do Nordeste |
O
Ceará viveu dois momentos distintos nesta última década: primeiro,
experimentou uma seca prolongada (2012-2018), depois, comemorou bons
volumes de chuva, especialmente em 2020 - ano em que vários recordes
foram quebrados - e, agora em 2022, cujos índices também estão dentre os
melhores da história recente.
No
entanto, mesmo com dois anos de boas pluviometrias, a estiagem em
alguns municípios não foi totalmente sanada. Nos últimos seis anos
(2017-2022), 18 cidades cearenses tiveram, de forma consecutiva,
situação de emergência reconhecida pelo Ministério do Desenvolvimento
Regional (MDR) devido à estiagem.
Os
números foram levantados pelo Diário do Nordeste com base em dados
fornecidos no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres do MDR.
De
todas essas cidades, apenas três fecharam estes seis anos - já
considerando que as chuvas em 2022 não serão superadas - com índice
pluviométrico abaixo da média: Deputado Irapuan Pinheiro, Jaguaretama,
Solonópole.
"Após
a concessão do status de situação de emergência pela Defesa Civil
Nacional, os municípios atingidos por desastres estão aptos a solicitar
recursos do MDR para atendimento à população afetada", pontua o MDR.
Mas,
então, o que explica o pedido de reconhecimento por estiagem mesmo em
cidades que, neste período (2017-2022), as chuvas ficaram acima da média
em dado momento? O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) no
departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, Cleiton da Silva
Silveira, explica que uma soma de fatores pode justificar esse
reconhecimento de emergência.
"Temos
que levar em consideração que o Estado, de uma forma quase geral,
enfrentou recentemente um longo período de chuvas abaixo da média. Isso
afeta as bacias. Portanto, é possível que, mesmo com boas chuvas em um
determinado ano, os aquíferos não consigam ganhar recarga
significativa", explica o docente.
Cleiton
adverte, ainda, para a demanda crescente de água. "O volume de chuvas
está compatível com a demanda de determinado município? Pode chover
acima da média e, ainda assim, a demanda ser maior. É preciso analisar,
também, se essas localidades têm açudes capazes de armazenar água.
Apenas a chuva, de forma isolada, nem sempre pode ser termômetro para
essa questão", completa Cleiton.