segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Com 62 anos de história, restaurante frequentado por Luiz Gonzaga encerra atividades no Crato


Restaurante Guanabara no Crato, Ceará, fechou as portas após cerca de 60 anos em funcionamento — Foto: Arquivo pessoal
Hoje com paredes cinza azuladas e piso branco puxado para o marfim, o Restaurante Guanabara já foi palco de histórias compartilhadas com ilustres figuras como Altemar Dutra, Luiz Gonzaga, Fagner e Gonzaguinha. Ao longo de seus 62 anos de funcionamento, o estabelecimento no centro do Crato era conhecido por ser um local literalmente sem portas e aberto 24h. Devido à pandemia, no entanto, familiares precisaram fechar o local.

A dificuldade de custear as despesas do local e o pagamento dos funcionários permaneceu mesmo quando optaram por iniciar com o serviço delivery. Na metade agosto, após quase cinco meses de suspensão das atividades presenciais, constataram que não teriam como manter o funcionamento. O dinheiro não cobria nem um terço das despesas.

“Nos sentimos impotentes”, declara a Renata Maia Feitosa Cardoso, 37, neta do fundador do restaurante, o “Seu Neném”, como era conhecido Francisco Alves Feitosa, hoje com 89 anos e diagnosticado com Alzheimer.“Às vezes a gente calava ao invés de expor o assunto, como se a esperança estivesse falando mais alto”, afirma.

Em nota oficial aos amigos e clientes, divulgada neste último sábado (12), os donos compartilharam a tristeza de encerrar um ciclo de histórias.

“A despedida não é fácil, dizer adeus para algo que faz parte de nossa história também não, mas a sensação de dever cumprido e de muita gratidão permanece viva no coração de cada um de nós que fazemos o Restaurante Guanabara”.
Memória

Com histórias de vida que muitas vezes se entrelaçam com a do restaurante, Renata optou por comunicar a decisão “difícil e dolorosa” inicialmente aos funcionários, uma vez que muitos trabalhavam no local há mais de 30 anos. “Se não tivesse tido essa pandemia, ainda estaríamos funcionando. Nós fomos obrigados a fechar, não teve como sustentar essa situação”, pontua.

Em meio à tristeza de fim do ciclo, Renata deseja que as histórias compartilhadas no local sigam vivas para todos os amigos e clientes que frequentaram o restaurante.

“Tenho uma filha de 23 que cresceu lá dentro. Eu deixava minha filha no restaurante para continuar meus estudos”, compartilha.

Com informações do Diário do Nordeste.