sexta-feira, 17 de julho de 2020

Aumento de 122% no salário de vereadores gera polêmica em Iguatu

A polêmica sobre o reajuste dos subsídios de vereadores do município de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, repercute entre os moradores e nas redes sociais, ganhando contornos de protestos. De acordo com a proposta aprovada em fins de dezembro de 2019, o salário dos vereadores passará de R$ 4.900 para R$ 10.900, com descontos. O aumento é de 122,44%.

A população critica o momento inoportuno por causa da pandemia do novo coronavírus e se queixa do alto percentual no aumento. 

A Câmara Municipal de Iguatu esclareceu que houve duas votações em novembro e dezembro de 2019 acerca do reajuste do subsídio dos vereadores. A Casa justifica ainda que o último aumento ocorreu em 2005. O projeto de lei foi sancionado em fevereiro passado e só entrará em vigor a partir de janeiro de 2021.

Reclamação

A professora Marta Fernandes criticou a decisão. “Não acho correto porque enfrentamos uma crise de saúde e na economia, com o comércio fechado e muito desemprego”, pontuou. O servidor público municipal, Luís Martins, defende aumento, mas com um valor menor. “Eles mais do que dobraram o salário. Se está defasado, deveriam ir aumentando aos poucos”.

Um servidor da Câmara que pediu para não ser identificado avalia que a polêmica ocorre próximo às eleições e há interesse político e eleitoral. “Um vereador de qualquer cidade menor que Iguatu, aqui da região, ganha de sete mil reais a oito mil reais”, comparou. “O aumento não vai beneficiar nenhum dos vereadores atuais”. 

Defesa

“Não houve benefício próprio e nem sequer sabíamos que o mundo iria passar por uma pandemia”, argumentou o vereador Édson Adriano. 

“O aumento só vai valer para os novos vereadores que forem eleitos e que vão assumir em janeiro de 2021”. Adriano lamentou a polêmica que se formou sobre o assunto.

O vereador Lindovan Oliveira reforçou que jamais iria votar se o projeto de lei fosse ilegal. “A matéria seguiu todos os trâmites legais, foi aprovada por unanimidade em duas votações, seguindo o Regimento Interno e a Lei Orgânica”, argumentou. “A votação foi realizada em sessão aberta, na presença da população, não havia pandemia e nem decidimos nada em benefício próprio”.

De acordo com a Câmara Municipal de Iguatu, em 2017 houve tentativa de um reajuste de R$ 300, mas mediante o protesto de alguns moradores e uma recomendação do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), a Mesa Diretora do Legislativo Municipal, na época, decidiu retirar de pauta o projeto-de-lei.

Os vereadores Lindovan Oliveira e Édson Adriano ressaltaram que não é correta a informação de que circula em redes sociais de que a aprovação foi feita de escondida ‘à calada da noite’. O Sistema Verdes Mares tentou contou com outros parlamentares e com a presidência da Câmara, mas as ligações não foram atendidas. 
Com informações do Diário do Nordeste.