O plenário virtual do Senado aprovou, nesta
quarta (6), o projeto que prevê ajuda financeira de cerca de R$ 125
bilhões para estados e municípios por causa da pandemia do novo
coronavírus.
O texto foi aprovado por 80 votos a favor e nenhum
contrário. Na votação, os senadores concordaram em flexibilizar a regra
de congelamento salarial, poupando categorias como policiais e
professores.
A proposta segue para sanção de Jair Bolsonaro. Se for sancionado
ainda nesta semana, o primeiro repasse dos recursos poderá acontecer
ainda na primeira quinzena de maio. O time do ministro Paulo Guedes
(Economia) chegou a apresentar, em meados de abril, um pacote de socorro
de R$ 77,4 bilhões, com R$ 40 bilhões de transferência direta.
Por isso, o governo federal teve de ceder e ampliar o valor previsto
no plano, inclusive para os repasses diretos, que têm efeito no
Orçamento e são previstos em R$ 60 bilhões. Mesmo assim, a proposta
aprovada nesta quarta, e que já passou pela Câmara, é mais vantajosa
para Guedes.
Governadores e prefeitos pedem ao Planalto mais dinheiro para enfrentar a Covid-19 e para manter a máquina pública funcionando.
Nesta quarta, os senadores chancelaram alterações feitas pela Câmara que afrouxou a contrapartida estabelecida por Paulo Guedes (Economia) para que os entes federados recebam o dinheiro.
Nesta quarta, os senadores chancelaram alterações feitas pela Câmara que afrouxou a contrapartida estabelecida por Paulo Guedes (Economia) para que os entes federados recebam o dinheiro.
Isso desidratou a medida que impede reajustes salariais a servidores
até o fim de 2021. Após votações na Câmara e no Senado, a economia
esperada com o congelamento caiu a R$ 43 bilhões para União, estados e
municípios no período. A proposta inicial previa impacto de R$ 130
bilhões.
A equipe de Guedes tentou reverter algumas derrotas, mas não
conseguiu convencer os senadores a evitar que servidores recebam aumento
salarial até o próximo ano.
Portanto, foram poupados do congelamento servidores da área de saúde
(como médicos e enfermeiros), policiais militares, bombeiros, guardas
municipais, policiais federais, policiais rodoviários federais,
policiais legislativos, trabalhadores de limpeza urbana, de assistência
social, agentes socioeducativos, técnicos e peritos criminais e
professores da rede pública federal, estadual e municipal, além de
integrantes das Forças Armadas.
A queda na economia é resultado de lobby do funcionalismo e de uma rasteira de deputados governistas à iniciativa de Guedes.
Segundo o líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), que
capitaneou o movimento, a articulação teve o respaldo de Bolsonaro. "Não
estamos concedendo aumento a ninguém, mas aceitando a possibilidade,
que na prática é remota", afirmou.
Professores
O Ministério da Economia contesta, principalmente, a blindagem dos
professores, que não estão diretamente atuando no combate à Covid-19 e
poderão receber reajuste.
A alteração com a preservação de reajustes para professores foi
acrescentada pelo presidente da Casa e relator da medida, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), já em plenário, depois de uma série de discussões
com os parlamentares que durou mais de uma hora.
Diante do apoio que o destaque ganhou de vários líderes partidários, Davi decidiu fazer a mudança direto no texto.
Guedes defendia a suspensão dos reajustes a servidores até o fim de
2021 como forma de que esses trabalhadores também sejam afetados pela
crise econômica causada pelo novo coronavírus.
Além disso, fica vedado ampliar despesas obrigatórias, como aumentar o quadro de funcionários públicos.
Deputados argumentaram que a medida impede que estados e municípios
criem vagas, por exemplo, de médicos e enfermeiros em um momento de
crise na saúde pública.
No entanto, técnicos do Ministério da Economia dizem que o projeto
tem uma brecha para contratações de profissionais que trabalham no
combate à Covid-19 durante o estado de calamidade, ou seja, até o fim de
2020.
A medida de ajuste fiscal é uma contrapartida para a ajuda a governadores e prefeitos.
Principal ponto em discussão no pacote de socorro, o valor das
transferências diretas a governadores e prefeitos ficou em R$ 60
bilhões, a serem pagos em quatro parcelas que saem direto do caixa do
Tesouro e vão para o caixa dos governos regionais.
O pacote prevê que R$ 10 bilhões serão repassados diretamente para o
enfrentamento à pandemia –R$ 7 bilhões aos cofres de estados e do DF e
R$ 3 bilhões aos dos municípios.
Rateio
Alcolumbre derrubou a mudança feita pela Câmara no critério de
distribuição dos R$ 7 bilhões. Os deputados haviam feito uma alteração
que beneficiava estados do Sul e Sudeste, alegando que o presidente do
Senado queria privilegiar sua base eleitoral, o Amapá.
Nesta quarta, Alcolumbre retomou o critério que destina mais dinheiro para o Amapá. Esse formato foi aprovado pelo plenário do Senado.
O restante do valor a ser transferido (R$ 50 bilhões) será
distribuído de duas formas, sendo R$ 30 bilhões distribuídos diretamente
aos estados e ao DF e os outros R$ 20 bilhões municípios.
O rateio será feito segundo a regra de proporção, levando em
consideração critérios mistos, como as perdas de ICMS e de ISS causadas
pela pandemia e o número de habitantes.