Quatro
empresas de comunicação decidiram suspender a cobertura jornalística na
porta do Palácio do Alvorada, em Brasília. Folha, UOL, Globo e Band
tomaram a iniciativa em resposta às seguidas hostilidades de apoiadores
do presidente Jair Bolsonaro dirigidas aos jornalistas que fazem plantão
no local.
Os
xingamentos aos jornalistas que esperam a saída de Bolsonaro na porta do
Alvorada diariamente se tornaram comuns, mas nesta segunda-feira (25) a
agressividade foi maior.
Em
diferentes ocasiões, Bolsonaro também foi grosseiro e ofendeu
jornalistas no local. Nesta segunda, pouco antes dos xingamentos feitos
por apoiadores, o presidente criticou a imprensa. "No dia que vocês
tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo", disse.
A
Folha questionou sobre o episódio desta segunda o Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), responsável pela segurança do Alvorada, e a
Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom). Não houve resposta. O
UOL anunciou na manhã desta terça-feira (26) que também decidiu
suspender temporariamente a cobertura no local.
O
Grupo Globo comunicou o GSI por carta, assinada por Paulo Tonet Camargo,
vice-presidente de Relações Institucionais. "São muitos os insultos e
os apupos que os nossos profissionais vêm sofrendo dia a dia por parte
dos militantes que ali se encontram, sem qualquer segurança para o
trabalho jornalístico. Estas agressões vêm crescendo. (...) Com a
responsabilidade que temos com nossos colaboradores, e não havendo
segurança para o trabalho, tivemos que tomar essa decisão".
Consultada
pela coluna, a Band informou que "também está retirando seus
profissionais da cobertura da porta do Palácio da Alvorada a partir de
amanhã (terça-feira)."
Também
consultei outras três emissoras. O SBT informou que ainda não tem uma
posição a respeito. A Record disse que seguirá cobrindo. A CNN Brasil
não respondeu.
No
final da noite, o site Metrópoles, de Brasília, também anunciou a
suspensão da cobertura que faz desde o início do governo diante do
Alvorada. "A suspensão perdurará enquanto o clima de hostilidade
continuar e não houver condições para que os profissionais de imprensa
possam trabalhar em segurança", informou.
Em
nota, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) elogiou a decisão das
empresas que suspenderam a cobertura no Alvorada. O Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e a Federação Nacional dos
Jornalistas cobraram ações de proteção aos profissionais por parte do
GSI e da Secom.