O futebol é inimigo do tempo durante a pandemia do novo coronavírus.
Sem partidas desde a primeira quinzena de março, a suspensão dos
campeonatos causa impacto nas finanças dos clubes. No panorama, o mês de
maio se mostra mais um desafio às gestões e à quitação das folhas
salariais, o que já não foi tarefa fácil no mês de abril.
A conta não fecha pois o orçamento previsto para 2020 foi
completamente afetado. Aos poucos, as fontes de receita ficam escassas e
se somam às já inexistentes, como falta de bilheteria ou cotas de
premiação em campeonatos.
A ameaça ao funcionamento da instituição é uma preocupação dos principais times cearenses. Com o decreto do Governo do Estado que proíbe funcionamento de serviços não essenciais a ser ampliado,
de acordo com entrevista coletiva concedida pelo governador do Estado
do Ceará, Camilo Santana, na tarde de ontem, o trabalho em si visa à
manutenção do quadro de funcionários e o foco são os jogadores, maior
custo do processo.
Os primeiros acordos para ajustes nos salários foram firmados em
abril, com movimento idealizado pela Comissão Nacional de Clubes (CNC), e
agora são atualizados. A diretoria do Fortaleza, pioneira ao acertar a
contingência de despesas com a Rede de Proteção aos Funcionários (RPF),
ainda discute uma nova proposta.
"A gente está conversando como será maio. Não tem nada definido", apontou o presidente tricolor Marcelo Paz.
No acordo inicial, o elenco abriu mão de parte do vencimento e adiou o
pagamento de outro percentual referente aos dois últimos meses. Os
moldes são os mesmos da oferta do Ceará ao plantel. No entanto, o Vovô
avançou na causa e já firmou nova solução na manhã de ontem.
Novo trato
Sem encontrar resistência por parte de jogadores e comissão técnica, a diretoria alvinegra os inseriu na Medida Provisória (MP) 936 com redução de vencimentos em 25%.
Dessa vez, há um corte no valor pago, com o Governo Federal restituindo
parte do salário através do seguro-desemprego - na mesma proporção da
redução (25%).
Caso a suspensão das competições se amplie até junho, há um acordo
prévio para permanência do corte no mês seguinte. Como o clube havia
incluído também os demais funcionários na MP, a estimativa de economia é
de R$ 700 mil com a redução dos pagamentos de atletas e colaboradores.
"Temos uma consultoria no clube e imaginamos que não vamos precisar
sacrificar ninguém, mas repactuar, principalmente com os jogadores de
maior custo, do que sacrificar agora. Quando voltar, vamos precisar do
campo, cozinha, então temos feito campanhas para ajudar as pessoas",
explicou o presidente alvinegro Robinson de Castro.
Mesma posição
Diferente de Ceará e Fortaleza, a diretoria do Ferroviário inseriu
apenas os direitos de imagem no pacto com o elenco. Como o pagamento
total de um atleta de futebol se alterna entre esse montante e a CLT,
houve uma redução dos vencimentos finais.
"Para os jogadores, não demos férias. Nós fizemos um acordo e
reduzimos o direito de imagem, e varia de acordo com o que cada jogador
recebe. Também criamos um piso mínimo de R$ 3 mil para ninguém receber
menos que isso", declarou o presidente coral Newton Filho
Na proposta de abril mantida para maio, o Tubarão da Barra abateu
entre 40% e 60% do direito de imagem de cada jogador -- o percentual foi
definido em análise individual. Assim, a CLT segue quitada 100% pelo
clube.