A compra do feijão e da carne nos supermercados
pesou no bolso dos consumidores cearenses, nas últimas semanas. Segundo
Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa-CE (Central de Abastecimento
do Ceará), ambos registraram alta de 20% e 8%, respectivamente, de
outubro a novembro deste ano. A baixa colheita de grãos no País e a
diminuição no abate do gado, segundo ele, foram fatores que impactaram
no aumento dos itens.
Em relação ao feijão, Girão destaca que a elevação no preço afeta as
variedades de corda e o carioca. "Com a diminuição das colheitas por
causa da entressafra do produto, então estamos sentindo a redução na
oferta dos grãos, o que impactou diretamente nos preços. Esse quadro
pode melhorar em 90 dias, com o início das colheitas e o período
chuvoso, além da irrigação e do plantio", explica.
Em ritmo de alta, o feijão de corda saltou de R$ 3,00 para R$ 4,50 o
quilo, registrando um acréscimo de 50%. Já o feijão carioquinha (vindos
da Bahia, Pernambuco e do Sul do Piauí) passou de R$ 4,00 para R$ 5,40,
um aumento de 35%, com produção vinda do Paraná, Minas Gerais e uma
pequena escala de Goiás.
Menos oferta
Conforme Girão, o Ceará não é produtor de carne para consumo. O gado,
segundo ele, é voltado para laticínios. Com isso, o Estado compra
produtos do Pará, Tocantins e Goiás, tornando o Estado dependente da
produção do Norte e do Centro-Oeste do Brasil. "A carne começou com alta
de 4% e já teve um aumento elástico de 8% em relação ao mês de outubro.
No acumulado do ano, foi lento, variando em torno de 20%", explica.
Girão também pondera que os principais tipos de carne consumidos no
Estado sofreram elevação. "Tanto aumentou a alcatra, como a maminha e a
picanha. O acréscimo foi de 4,2% e já chega a 8% nas primeiras semanas
de novembro", diz.
De acordo com boletim do Sistema de Informação do Mercado Agrícola,
divulgado ontem (25) pela Ceasa, o quilo da carne fresca pode variar
entre R$ 8,50 a R$ 11,50. Já as aves, por sua vez, saem em torno de R$
6,50 a R$ 7,50 o quilo. Por fim, os preços dos pescados variam de R$ 23 a
R$ 100 o quilo.
Exportações
Segundo Everton da Silva, presidente do Sindicato do Comércio de
Carnes Frescas do Ceará (Sindicarne-CE), a entressafra do gado (quando
há diminuição no abate) vai até o fim do ano, o que diminui a oferta no
mercado. "O período de entressafra da carne é de agosto a dezembro. Com
isso, o valor da carne já sobe mais de 8%", aponta.
Além disso, as produções dedicadas às exportações brasileiras para a
China aumentaram, causando impacto no preço nas prateleiras dos
supermercados cearenses. "Com esse grande volume de mercadorias que saem
do País, isso acaba a disponibilidade para consumo interno. Se não
fosse isso, talvez não aumentasse nada", diz Silva.