São Paulo. O debate entre os candidatos à Presidência
da República promovido por TV Gazeta, Estadão, Jovem Pan e Twitter foi
marcado pela defesa da não violência. Ao iniciar suas falas, Geraldo
Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB)
enfatizaram a necessidade de se pacificar a sociedade, em referência ao
atentado em que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro foi atingido por uma
facada, na última quinta-feira (6), em Juiz de Fora (MG).
No primeiro bloco, os candidatos escolheram os rivais para responder às
suas perguntas. Quase todas as questões se referiram a propostas dos
adversários, exceto por Guilherme Boulos (PSOL), que partiu para o
ataque a Meirelles.
"O compromisso da minha candidatura é enfrentar privilégios. O senhor
vai enfrentar privilégios da sua turma?", perguntou Boulos, após se
encerrarem os 30 segundos reservados à sua questão. Meirelles disse que
criou 10 milhões de empregos durante o governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e citou programas do governo do petista. Disse que,
durante o governo de Michel Temer, foi responsável pela possibilidade
de 2 milhões de empregos e prometeu que criar mais 10 milhões de
empregos se for eleito, insinuando que Boulos não trabalha e não paga
imposto.
Meirelles foi o primeiro a perguntar, escolheu Alckmin para responder à
sua questão. "Como vamos mudar esse radicalismo que tanto prejudica o
Brasil?", perguntou, mencionando o incidente "lamentável" contra
Bolsonaro. "É necessário um grande esforço conciliador. Sempre que há um
esforço de união nacional, de pacificação, que é o que eu defendo, a
democracia consolida-se", respondeu o tucano.
Meirelles criticou seu adversário: "O senhor prega a pacificação no
entanto quando Bolsonaro ainda estava na sala de cirurgia, seu programa o
atacava fortemente. Isso não é uma atitude de radicalização?". O tucano
afirmou que e emedebista "não viu" seu programa. "Nunca pregamos a
violência. Sou contra qualquer tipo de radicalismo".
Próximo a perguntar, Ciro escolheu Marina, questionando-a sobre como
reverter a evasão escolar. "É um momento difícil. Faltam duas
candidaturas", disse a postulante da Rede, referindo-se à ausência de
Bolsonaro e de um candidato petista na bancada. "Violência política não
nos levará a lugar nenhum", disse Marina emendando que prega uma
"educação de qualidade, atual" e que o "desejo de aprender" tem de ser
fomentado entre as crianças, "com foco na primeira infância, que ensina
aprender a aprender".
Alckmin dirigiu sua pergunta a Alvaro Dias (Podemos). "Bolsonaro foi
atendido na Santa Casa de Juiz de Fora, prontamente, muito bem atendido.
Quais as propostas para as Santas Casas?" Dias respondeu que, em sua
opinião, o que falta é boa gestão, não investimento, ao setor de saúde.
"Alega-se falta de recursos, mas o que falta não é dinheiro, é boa
gestão. O SUS é mal implementado", disse o candidato do Podemos. Alckmin
prometeu "cobrar das seguradoras os serviços prestados", complementando
orçamento das Santas Casas. Dias afirmou que a proposta do tucano
parecia uma medida peculiar à prefeitura.
Dias perguntou a Boulos: "Os últimos governos beneficiaram os bancos e
os banqueiros, o Brasil se tornou o paraíso dos bancos. Qual o
tratamento que o senhor dará aos bancos?"
"Esse é um dos raros pontos que concordo com Alvaro Dias. Banco aqui
faz o que quer. Vamos acabar com a farra dos bancos", disse o candidato
do PSOL, prometendo diminuir juros "abusivos" da dívida pública e baixar
juros do cartão e do também do cheque especial.
Marina Silva questionou Ciro sobre segurança. O pedetista falou em um
"Sistema Único de Segurança" para o combate ao crime, federalização do
enfrentamento à violência. Marina praticamente repetiu a proposta de
Ciro, falando do mesmo "sistema único" de combate ao crime e do absurdo
de o crime organizado comandar bandidos de dentro da cadeia.