A reunião na manhã desta quinta-feira (24/5), no Palácio do
Planalto, que pretendia chegar a um acordo para pôr fim à greve dos
caminhoneiros terminou sem sucesso. O presidente Michel Temer estava
reunido com ministros para estudar as reivindicações da categoria, que
considera insuficiente o corte de 0,05 da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide). As negociações continuarão no período da
tarde. Após o encontro, nenhum representante do Executivo nacional falou
com a imprensa.
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José
da Fonseca Lopes, afirmou em coletiva que ficou revoltado ao saber que o
presidente do Senado, Eunicio Oliveira, deixou Brasília e foi para o
Ceará. “Se ele foi pra lá é porque quer ver o circo pegar fogo”,
emendou. “Em uma escala de 0% a 100%, a chance de interromper a
mobilização hoje é de 5%. A entidade representa em torno de 700 mil
motoristas, mais da metade do total do país”.
PUBLICIDADE
A
greve, que já dura quatro dias, tem levado transtornos aos brasileiros
como fechamento de rodovias, escassez de combustível em postos, impacto
no transporte público e também em aeroportos e problemas na distribuição
de alimentos.
Em nota, o ministro da Casa Civil, Moreira Franco, ressaltou que a
decisão do governo de zerar a Cide, que incide sobre o diesel, significa
mais do que uma redução de R$ 0,05 no preço e seria uma resposta ao
movimento grevista dos caminhoneiros, para, segundo ele ele desonerar a
cadeia energética. “O que estamos propondo é um esforço nacional para
desonerar a cadeia energética”.
A reunião contou com a presença dos ministros Eduardo Guardia
(Fazenda), Moreira Franco (Minas e Energia), Valter Casemiro
(Transportes, Portos e Aviação), e o secretário da Receita Federal,
Jorge Rachid.
Impactos
Na noite dessa quarta-feira (23), a Petrobras anunciou redução do preço do diesel em 10% e a manutenção desses preços por 15 dias. A Petrobras avalia que, a partir da medida, a diminuição média será de R$ 0,23 por litro nas refinarias, resultando numa queda média de R$ 0,25 por litro nas bombas dos postos de combustível. A baixa do preço deve ser maior para o consumidor, pois o imposto incidente será menor.
O custo do combustível nas refinarias será de R$ 2,1016, valor fixado
para os próximos 15 dias. Ao fim do período, a tarifa será corrigida de
forma progressiva até voltar a operar de acordo com a política de
preços adotada pela estatal.
Desabastecimento
A paralisação nacional compromete serviços como os de aviação, correios, venda de combustíveis automotivos, além dos comércios atacadista e varejista. No Distrito Federal, distribuidoras já estão desabastecidas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), utilizado na cozinha.
A Inframerica, administradora do Aeroporto Internacional de Brasília
Juscelino Kubitschek, informa que a reserva de Querosene de Aviação
(QAV), combustível das aeronaves, não é suficiente para encerrar a
semana. Ainda conforme pontuou a concessionária, a frota de caminhões
responsável por trazer o QAV para o terminal está retida no Entorno do
DF.
Redução em meio à crise
Em meio às manifestações, a Petrobras anunciou na última segunda-feira (21) reajuste na gasolina e no diesel de 0,9% e 0,97%, respectivamente. Esse foi o 11º aumento nos últimos 17 dias para a gasolina e o sétimo consecutivo do diesel.
Desde que começou a adotar a política de reajustes diários dos preços
dos derivados de petróleo, em 3 de julho de 2017, a estatal elevou o
valor do diesel em suas refinarias 121 vezes (38 em 2018). O que indica
alta de 56,5%, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Em
pouco mais de 10 meses, o litro do produto passou de R$ 1,5006 para R$
2,3488.