No próximo domingo (27), completa quatro meses que um grupo de homens
da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) executou 14 pessoas na
casa de shows 'Forró do Gago', na Comunidade do 'Barreirão', no bairro
Cajazeiras. Ontem, as apurações sobre o massacre, foram apresentadas
pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), durante
uma entrevista coletiva à imprensa, concedida na sede da Instituição.
Ao todo, 14 pessoas participaram direta ou indiretamente do episódio
conhecido como 'Chacina das Cajazeiras', ocorrido em 27 de janeiro
último. O mentor intelectual da matança, segundo a Divisão de Homicídios
e Proteção à Pessoa (DHPP), foi Deijair de Sousa Silva, o 'De Deus', de
29 anos, preso em 19 de fevereiro, em um condomínio de luxo no bairro
Cocó.
Réu em outro processo, Deijair estava em regime semiaberto e era
monitorado por uma tornozeleira eletrônica, antes de ordenar a chacina. A
defesa do acusado diz que não foram apresentadas provas que embasem a
denúncia, além de não ter tido acesso às interceptações telefônicas, que
estariam sob posse dos investigadores da DHPP.
Mandantes
Além de Deijair, o inquérito identificou outros suspeitos de serem
mandantes do massacre. São eles, Noé de Paula Moreira, 34; seu irmão
Misael de Paula Moreira, 26; Auricélio Sousa Freitas, 35; e Zaqueu
Oliveira da Silva, 36. Segundo a Polícia, Noé Moreira já estava preso no
Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO II), cumprindo pena de
16 anos, pelo cometimento de um homicídio, no bairro Antônio Bezerra.
Misael Moreira, que também foi condenado pelo assassinato, continua
foragido.
Auricélio Freitas, o 'Celim', 35, apontado pela Polícia como um dos
líderes da GDE, e chefe do tráfico no bairro Barroso, segue foragido. Um
fonte de uma célula de Inteligência da SSPDS disse à reportagem que há
informações que ele fugiu do Ceará, após a chacina.
Zaqueu Silva, que seria um dos principais traficantes da Comunidade da
Rosalina, no bairro Passaré, foi preso por policiais do 12º DP (Conjunto
Ceará), ontem. Durante a operação, uma pistola, uma arma longa e um
veículo foram apreendidos.
Executores
Segundo a DHPP, além dos mandantes, sete executores foram responsáveis
pelas mortes: um adolescente de 17 anos, que já está apreendido;
Fernando Alves de Santana, 26, preso em abril, em Seabra, na Bahia;
Francisco Kelson Ferreira do Nascimento, 23, preso no Parque Dois
Irmãos, também em abril.
Além deles, também foram detidos Rennan Gabriel da Silva, 20, em
fevereiro, durante ação na Comunidade da Rosalina; e Ruan Dantas da
Silva, 19, no município de Beberibe. Contudo, seguem foragidos Joel
Anastácio de Freitas, 18; e Pedro Paulo do Prado Sousa, 21.
Documentos obtidos pela reportagem, contudo, indicam que Pedro Paulo
foi preso em flagrante quatro dias antes da chacina, e foi mantido preso
até, pelo menos, o dia 30 de janeiro, quando foi submetido à uma
audiência de custódia.
Além deles, duas pessoas são apontadas como partícipes do crime: Ana
Karine da Silva Aquino, 23; e Ayalla Duarte Cavalcante, 21, que já
responde em liberdade a acusação de ter ajudado os executores a atear
fogo em uma caminhonete Hilux, veículo utilizado no dia da chacina.
Com os suspeitos presos, foram apreendidas nove armas, sendo um fuzil,
quatro revólveres, três pistolas e uma espingarda; 531 munições; duas
granadas; 26Kg de psicoativos e sete veículos. A investigação apontou
que os executores saíram da Comunidade da Rosalina em direção ao 'Forró
do Gago' e atiraram a esmo.
Na ação, além dos 14 mortos, 18 pessoas foram feridas. Os 14 suspeitos
foram indiciados pelos crimes de organização criminosa e pelos
homicídios.
(Colaborou João Duarte)