quinta-feira, 29 de junho de 2017

Doria propôs transformar seca nordestina em atração turística nos anos 1980

João Doria (Foto: Antonio Cruz/EBC/FotosPúblicas)
Em 1987, quando era presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), o atual prefeito da cidade de São Paulo, João Doria Jr (PSDB-SP) fez uma proposta no mínimo curiosa: reduzir a verba para irrigação no Nordeste e transformar a seca em ponto turístico.

Segundo informações da Carta Capital, a ideia foi apresentada em 30 de junho de 1987, durante visita a Fortaleza, onde se encontrou com o então governador do Ceará, Tasso Jereissati, atualmente senador tucano pelo Ceará, e inúmeros empresários.

A Caatinga nordestina poderia ser um ponto de visitação turística e gerar uma fonte de renda para a população sofrida da área, respeitando as características culturais e humanas da população, sem exploração da miséria, declarou Doria de acordo com reportagem publicada no jornal O Globo com o título “Doria Jr. propõe que seca vire atração turística”.

Para defender seu ponto de vista, Doria disse que de cada 100 projetos turísticos na região, apenas quatro deixam de garantir retorno, enquanto de 100 projetos de irrigação, 75 dão resultados negativos e somente 25 asseguram rentabilidade.
No texto publicado no jornal O Estado de S.Paulo na época, o ex-presidente da Embratur afirmou que “não estava propondo que a seca, na sua inclemência e na miséria de sua gente, se transforme num ponto de atração turística. Pelo contrário, o que vislumbro é o fato de podermos transformar a seca num ponto positivo, onde os trabalhadores prejudicados por ela pudessem desenvolver outras atividades, como artesanato e trabalhos diferentes daqueles do campo”.
O comentário desagradou muitas pessoas no período e foi criticado por políticos.

O outro lado

A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo afirma, em nota, que as declarações de Doria em 1987 foram desvirtuadas. O então presidente da Embratur teria defendido que “o Ceará não explorasse apenas o litoral em termos turísticos, mas valorizasse o interior, como a região da Caatinga, para promover a geração de renda. Trinta anos depois, estas regiões, e não apenas no Ceará, têm vários atrativos turísticos – caso de Quixadá, apenas para ficar num exemplo”. E garantiu que ele nunca disse que a miséria da seca deveria ser explorada.