Quando se trata da dengue, umas das principais endemias do 
Ceará, que todos os anos atinge milhares de pessoas das mais variadas 
faixas etárias, ele tem papel essencial. Por isso, tornou-se objetivo de
 um projeto que pretende criar dispositivos para que pacientes cearenses
 possam saber, em poucos minutos, se estão infectados ou não com a 
doença. 
Em fase de produção, o aparelho, um bio-sensor para diagnóstico 
rápido, pode se tornar realidade até 2019.
 Denominado "Projeto Bio Care", o trabalho foi idealizado no Estado e 
vem sendo executado por meio de uma parceria entre o Centro de 
Tecnologia e Inovação Renato Archer Nordeste (CTI-NE), vinculado ao 
Governo Federal, o Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação 
do Ceará (Itic) e a iniciativa privada.
 Segundo Aristides Pavani, coordenador do projeto, a ideia é criar um 
bio-sensor baseado em uma tecnologia que permite, a partir de um 
conjunto de biomoléculas, detectar a presença, no corpo do paciente, de 
anticorpos produzidos para combater os vírus da dengue. O dispositivo 
possibilitará um diagnóstico preciso e mais rápido que o realizado 
atualmente no Ceará. "Hoje o diagnóstico normal de uma pessoa 
contaminada chega a demorar mais de uma semana. Normalmente, quando sai o
 resultado, a pessoa fica sabendo se teve ou não, ela já passou pelo 
processo da doença", afirma Pavani. "Junto ao sensor, está sendo 
desenvolvido um leitor para fazer a leitura dos dados e, em questão de 
minutos depois da coleta de sangue do paciente, transformar isso em 
informação, dizendo se a pessoa está ou não infectada", completa.
 Outras doenças
 Embora seja voltado originalmente para a análise da dengue, o aparelho 
pode e deve ser adaptado para investigação de outras doenças, inclusive a
 zika e chikungunya, que, por serem doenças novas, ainda apresentam 
dificuldade de diagnóstico no Estado. No caso da chikungunya, que já 
conta com mais casos confirmados que a dengue neste ano, 44% das 81.557 
notificações recebidas em 2017 permanecem em investigação. "Essa 
tecnologia tem potencial pra ser aplicada em várias outras doenças. É 
uma plataforma que pode se transformar em bio-sensores para diagnóstico 
de chikungunya e zika, e estamos trabalhando também para que ela possa 
identificar a proteína que as pessoas liberam quando vão ter um ataque 
do coração", explica o coordenador.
 Pavani destaca, ainda, que, por se tratar de uma tecnologia simples, o 
aparelho poderá ser utilizado em postos de saúde, Unidades de Pronto 
Atendimento (UPAs), hospitais e clínicas de todo o Estado sem a 
necessidade de profissionais especializados. Além disso, as informações 
geradas pelo dispositivo formarão uma base de dados sobre o cenário 
epidemiológico da doença à qual o poder público poderá ter livre acesso.
 O sensor, assim como o restante do sistema necessário para seu devido 
funcionamento, já foram produzidos e encontram-se em fase de testes. 
Segundo Pavani, os resultados obtidos até o momento são promissores. No 
entanto, até que o aparelho chegue ao mercado e possa ser usado no dia a
 dia das unidades da saúde, ainda deve demorar alguns anos.
 Testes
 "Para se colocar um produto no mercado existe um período bastante 
longo. Ele tem que passar por todos os testes e aprovações. Uma vez 
concluída a fase de desenvolvimento, deve demorar mais uns dois anos 
para ser produzido. O projeto deve ir até metade de 2018, então em 
meados de 2019 o sensor deve estar no mercado", ressalta o coordenador 
do projeto.
 De acordo com o mais recente boletim epidemiológico de arboviroses da 
Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), 12.213 casos de dengue foram 
confirmados neste ano no Ceará. Oito pessoas já morreram em decorrência 
de complicações da doença.
 Além da dengue, foram registrados 34.567 casos de febre chikungunya, 
com um total de 33 óbitos. Em relação à zika, 336 pessoas foram 
diagnosticadas com a doença.