sábado, 20 de fevereiro de 2016

Atrasos de salários e prêmios calam jogadores e dividem São Paulo


Jogadores do São Paulo no CT da Barra Funda
Jogadores do São Paulo no CT da Barra Funda 
 
Atraso no pagamento de salários, direitos de imagem e premiação fez os jogadores do São Paulo decretarem "greve de silêncio" que acabou dividindo o vestiário da equipe depois da derrota para o The Strongest, pela Libertadores, na última quarta-feira.
 
Antes de enfrentar o time boliviano, os jogadores combinaram de não falar com a imprensa, independentemente do resultado, em forma de protesto pelos atrasos, de até três meses no caso nos direitos de imagem e de poucos dias nos salários registrados na carteira de trabalho - além dos prêmios pela classificação à Libertadores. 
 
A estratégia já havia sido colocada em prática na véspera da partida, quando nenhum jogador quis participar de entrevista coletiva, o que acabou obrigando o técnico Edgardo Bauza falar com os jornalistas, o que não costuma fazer no dia anterior aos jogos. No dia seguinte ao jogo, quem falou foi o novo contratado Maicon. E nesta sexta-feira, quem falou foi Lugano. Ou seja: nenhum dos relacionados ao movimento.
 
  O presidente do São Paulo, Leco, em reunião com Rubens Moreno, do futebol
O presidente do São Paulo, Leco, no CT tricolor 
 
Pelo plano inicial do elenco são-paulino, a ideia era aliar o silêncio com uma vitória categórica sobre o The Strongest para dar um recado aos torcedores que o time, mesmo com dinheiro a receber da diretoria, continuava a se dedicar em campo.
 
Mas a vitória do rival, apenas a segunda na história de um time boliviano pela Libertadores no Brasil, complicou a estratégia e deixou sequelas no vestiário.
 
Na saída do gramado, no Pacaembu, nenhum jogador atendeu os jornalistas: alguns foram até levados com puxões para o vestiário por companheiros.
 
Mas, no vestiário, o pacto de silêncio foi quebrado por alguns poucos jogadores, com destaque para dois estrangeiros: o uruguaio Lugano (que incentivou os companheiros a falarem) e o argentino Calleri, um dos poucos poupados pelas críticas dos torcedores na arquibancada. Denis e Kardec também decidiram falar, após a intervenção de Lugano.
 
Isso causou mal estar dos líderes do movimento pelo silêncio.
 
Os mais indignados com a quebra no pacto eram Paulo Henrique Ganso e Michel Bastos, que hoje veste a tarja de capitão e que pode perder o posto quando Lugano estrear. Isso deve acontecer no próximo domingo, contra o Rio Claro, no Pacaembu. O São Paulo estará formalmente sob nova liderança, que está sendo testada antes mesmo de ser efetivada.