Cerca de 100 pessoas registraram queixa na Delegacia Regional de Tauá,
nos últimos dois dias, dizendo que foram vítimas de um golpe aplicado
por uma empresa que oferecia consórcios de motocicletas. As vítimas são
de Aiuaba (420Km de Fortaleza), onde mais de 500 pessoas aderiram ao
contrato. A Polícia acredita que os suspeitos tenham arrecadado mais de
R$ 1 milhão com a fraude e diz que as chances do dinheiro ser recuperado
são mínimas.
Segundo as vítimas, os representantes da 'Eletrofácil' passavam de casa
em casa oferecendo os consórcios. A empresa era sediada em Campos Sales
e tinha um escritório na Rua Otônio Andrade, em Aiuaba.
Quando os
clientes suspeitaram que estavam sendo enganados, o escritório fechou. A
princípio, a proposta parecia boa: os contratantes pagavam parcelas que
iam de R$ 100 a 300, dependendo do tipo de moto que escolhessem, e só
pagariam as mensalidades até quando fossem sorteados. Alguns receberam o
bem, mas com o passar do tempo, os prêmios não foram mais entregues.
A Polícia disse que a fraude está clara e que não se tratava de um
consórcio convencional, mas de um sistema de pirâmide, que já causou
outras confusões no comércio. "É claro que no fim iria faltar capital
para movimentar o negócio.
Ele disse que esteve em Aiuaba e apreendeu documentos e um computador,
no escritório que está abandonado. Segundo o delegado, a quadrilha age
também em Campos Sales, Jucás, Assaré e Potengi. "Quem ainda estiver
pagando, pedimos que pare. Eles são criminosos".
João Pereira disse que identificou quatro pessoas que teriam
envolvimento com o esquema. "Pediremos a prisão preventiva deles o mais
rápido possível. É muito improvável que o dinheiro seja recuperado,
porque dificilmente estelionatários têm bens em seus nomes, mas vamos
detê-los para que não enganem mais ninguém".
O delegado disse que os
suspeitos estão sendo investigados por estelionato e associação
criminosa.
A comerciante Eva Nobre foi uma das vítimas. Ela disse que
os suspeitos lhe causaram um prejuízo de R$ 9 mil
Vítimas
O vigia Raimundo Andrade conta que pagou o consórcio durante 44 meses.
Seu prejuízo chega a R$ 6 mil. No caso dele, o contrato sequer foi
entregue. A única prova que tem de que foi enganado são os carnês, que
pagou em dia. "Uma mulher passou em minha casa oferecendo. Ela leu o
contrato para mim, mas só me entregou o carnê. Ofereceram muitas
garantias, parecia um negócio bom. Ela me explicou que se eu parasse de
pagar, receberia o dinheiro no fim do meu grupo, mas com um desconto de
25%".
Raimundo Andrade disse que viu que estava em meio a uma fraude quando
percebeu que os inadimplentes do grupo eram sempre os contemplados nos
sorteios. Estava previsto no contrato que se as prestações estivessem
atrasadas, o cliente não teria direito à moto. "Vi que eles estavam
mesmo era querendo enganar quem acreditou neles e pagava de boa fé.
Fomos usados em uma sujeira muito grande".
A comerciante Eva Nobre diz que quando as entregas das motos começaram a
apresentar problemas, entrou em contato com a empresa diversas vezes e
sempre ouviu dos funcionários que estava tudo bem. "Diziam que eram
boatos da rua, que os sorteios e entregas estavam acontecendo
normalmente. Sempre ouvi as mesmas desculpas", disse.
Ela e outros quatro parentes fizeram o consórcio da 'Eletrofácil'.
Somente o prejuízo da comerciante é de R$ 9 mil, pagos durante 36 meses.
"Eles premeditaram tudo, até mesmo o momento de sumir. Foram embora
antes de serem descobertos. Mais de 20 pessoas quitaram os consórcios e
não receberam nem os bens, nem um centavo".
Eva Nobre afirma que vai procurar um advogado e entrará com um ação na
Justiça. "Mesmo que nós tenhamos perdido esse dinheiro, alguma coisa
precisa ser feita para que eles parem. Claro que gostaríamos que nossos
prejuízos fossem diminuídos, mas se isto não for possível, queremos que
essas pessoas sejam punidas pelo que fizeram", declarou.
A reportagem tentou contato com os representantes da 'Eletrofácil' por telefone, mas as ligações não foram atendidas.