quarta-feira, 30 de abril de 2014

Execução é interrompida nos EUA após veia 'explodir', mas ele morre de infarto

Um homem condenado à morte no estado de Oklahoma, nos Estados Unidos, morreu devido a um ataque cardíaco depois que a droga usada na sua execução teve um efeito inesperado e fez uma de suas veias explodir.

Um porta-voz do Departamento de Penitenciárias do Estado disse à imprensa americana que Clayton Lockett, de 38 anos, sofreu um infarto logo após tomar a injeção letal.

"Acreditamos que uma veia explodiu e as drogas não funcionaram da forma esperada. O diretor ordenou a suspensão da execução", afirmou Jerry Massie.

A execução de Lockett foi paralisada depois de 20 minutos, quando uma das veias se rompeu, o que impediu que as drogas fizessem efeito.

Mas, o advogado do condenado, David Autry, questionou a afirmação do porta-voz e disse que seu cliente tinha "braços grandes e veias muito salientes", segundo a agência de notícias Associated Press.

"Foi algo horrível de testemunhar. Foi totalmente mal executado", acrescentou o advogado.
Segundo testemunhas, Lockett se contorceu e tremeu de forma descontrolada depois de receber a injeção.

O prisioneiro movia os braços, pernas e cabeça e também balbuciava, "como se tentasse falar", disse à BBC Courtney Francisco, uma jornalista local presente no momento da execução.

Quando ficou claro que havia algo errado com o procedimento, os carceireiros fecharam as cortinas do cubículo onde estava o condenado, impedindo que as testemunhas continuassem assistindo à execução.

"Ele estava consciente e piscando, passando a língua nos lábios até depois de o processo ter começado. Ele teve uma convulsão", informou Bailey Elise, repórter da agência de notícias Associated Press, em sua conta no Twitter, no momento da execução.

Polêmica e pesquisa

O incidente na execução de Clayton Lockett ocorre em meio a um debate sobre a legalidade do método que usa três drogas diferentes na injeção letal.

A polêmica gira em torno da discussão se este método viola as garantias existentes na Constituição dos Estados Unidos "contra punições cruéis e incomuns".

Vários estados americanos que ainda praticam a pena de morte já mudaram o método de execução, usando uma injeção letal com apenas uma droga.

Lockett foi sentenciado à morte devido ao assassinato à tiros de uma jovem de 19 anos em 1999.

O incidente em sua execução levou ao adiamento de outra execução que ocorreria duas horas depois.
Charles Warner, de 46 anos, receberia a injeção letal na mesma sala, em uma rara execução dupla. Ele foi sentenciado à morte pelo estupro e assassinato de uma menina de 11 anos em 1997.

A advogada de Warner, que testemunhou a execução de Lockett, afirmou que ele foi "torturado até a morte" e pediu uma investigação do incidente.

"O governo precisa revelar as informações completas sobre as drogas, incluindo sua pureza, eficácia, fonte e os resultados de testes", afirmou.

Um estudo publicado na última segunda-feira pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences estima que pelo menos 4,1% dos condenados à morte nos EUA são inocentes - uma em cada 25 pessoas condenadas.

Segundo o autor principal da pesquisa, Samuel R. Gross, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Michigan, os pesquisadores chegaram ao resultado usando a análise de sobrevivência, uma técnica de estatística que leva em conta variáveis de tempo até a ocorrência de determinados fatos de interesse, como a morte.