sábado, 4 de maio de 2013

Campanha visa vacinar 2,6 mi cabeças de gado


Os municípios cearenses iniciam mais um ano de luta contra uma doença capaz de devastar grandes rebanhos: a febre aftosa. Na manhã de ontem, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA), lançou, em Pindoretama, Região Metropolitana de Fortaleza, a campanha de vacinação com a intenção de imunizar cerca de 2,6 milhões de cabeças em todo o Estado.

Caso a meta de 93% deste total seja cumprida até o fim do mês de maio, após 16 anos sem registros de casos da doença, o Ceará deve conquistar o status sanitário livre de febre aftosa em nível nacional. A informação é do titular da SDA, Nelson Martins. Ainda conforme o secretário, a expectativa é que, no próximo ano, o Estado consiga o status internacional sanitário livre do vírus.

O presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri-CE), Francisco Augusto de Sousa Júnior, explica que, mesmo com a ausência da doença no Ceará desde 1997, o Estado ainda apresenta um status de risco médio da febre aftosa. De acordo com ele, para conquistar o status sanitário de livre do vírus, é necessário muito mais do que vacinar o gado, é preciso também manter uma estrutura adequada de técnicos para atuar nas fiscalizações, além de escritórios especializados em todo o Estado.

"Algumas ações foram importantes, o Estado fez concurso para efetivar os médicos veterinários, fiscais agropecuários, e aumentou a capilaridade da agências de 25 para 40 escritórios. Não basta só vacinar, temos que fiscalizar os eventos agropecuários, o trânsito de animais e as revendas de produtos veterinários. É um conjunto de ações que habilita o Estado a ser o status zona livre", explica.

Seca

Apesar dos esforços, o presidente da Adagri acredita que os técnicos deverão ter cuidado redobrado com o gado que está debilitado devido à seca. Por outro lado, afirma, a perda do rebanho por causa do fenômeno não deve afetar a vacinação no Estado.

"A mortalidade do rebanho está dentro do padrão de 2012. Entre mortes, abates e que saíram do Estado foram aproximadamente,126 mil cabeças. Destas, apenas 40 mil mortes. A seca é grave é, mas o nosso produtor está a conviver com ela. Naqueles municípios onde a situação está pior, acredito que haverá dificuldade no manejo da vacinação, pois o gado deve estar debilitado, mas nós estamos otimistas com as chuvas e alguns locais já tem até pastagem", avalia.

Augusto Júnior acredita que o Estado tem 90% de chance de receber, até o fim de maio, o status sanitário livre de febre aftosa nacional, juntamente com os Estados de Alagoas, Pernambuco, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte e a parte Norte do Pará, que também estão pleiteando a conquista.

Nelson Martins acredita que, com o retorno das chuvas, o Estado está em um bom momento para vacinar o seu rebanho. "Neste mês de abril, tivemos boas chuvas em todo o Estado e o nosso rebanho se recuperou. Para nós, é muito melhor vacinarmos o gado agora, pois, no segundo semestre, a seca pode ficar pior", afirma o secretário.

Ele ressalta também a importância do produtor declarar o rebanho e certificar que está imunizado para facilitar o controle do Estado.

Maria Luísa Silva Rufino, superintendente do Ministério de Agricultura no Ceará, apesar de reconhecer que o momento é muito difícil para a vacinação por causa da seca, acredita na conscientização dos produtores e no trabalho de divulgação do governo do Estado.

De acordo com Flávio Saboia, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), a vacinação do rebanho é fundamental para garantir a participação do Estado em eventos agropecuários no território nacional e na colaboração da venda dos produtos.

FIQUE POR DENTRO

Multa é de R$ 13,43 por cada animal

A meta para este ano é vacinar cerca de 93% do rebanho de bovinos e bubalinos do Ceará, para que, assim, o Estado saia da zona de risco médio e alcance o status de zona livre de aftosa com vacinação. Apesar do lançamento acontecer na sexta-feira, as revendas agropecuárias estão autorizadas a vender a vacina desde o dia 1º de maio.

A compra autorizada segue até o dia 30. A dose da vacina continua com preço médio de R$ 1,50. A multa para quem não vacinar o rebanho ainda é de R$ 13,43 por cabeça. A febre aftosa é uma doença contagiosa, causada por vírus de rápida multiplicação. O animal infectado apresenta feridas na boca, nos lábios, tetas e nos cascos. Os bichos também se afastam do rebanho, babam, não comem e não bebem água.