sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Mais de 99% de pás eólicas exportadas pelo Ceará vão para os Estados Unidos

Foto Celso Thomaz/Cipp
O setor de pás eólicas do Ceará será o segundo mais afetado pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos, atrás somente dos pescados. A avaliação é da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) em estudo divulgado nessa última quarta-feira (6).

De acordo com dados da Fiec, o Ceará exportou, até junho deste ano, US$ 11,48 milhões (R$ 62,2 milhões na conversão atual) em pás eólicas. Desse total, 99,5% foram para os EUA, sendo o terceiro produto cearense mais vendido para o país norte-americano.

O tarifaço sobre as pás eólicas ocorre em meio à crise vivenciada pelo setor de energia eólica, atualmente, a terceira maior fonte de energia do País. Essa questão envolve uma certa estagnação na área, causada, dentre outros fatores, pelo corte de geração (curtailment) e crescimento vertiginoso da energia fotovoltaica.

Dentre as solicitações da Fiec, está a inclusão das pás eólicas na lista de produtos isentos do tarifaço para os EUA. Elas entram no pedido como partes de aerogeradores.

Setor eólico vive crise sem fim

Segundo Adão Linhares, consultor especializado em energia renováveis, há dois motivos principais para a crise do setor eólico.

Um desses motivos é a competitividade da energia solar e crescimento da geração distribuída.

"Os equipamentos de energia solar tiveram uma redução de preço violenta. No plano decenal da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a energia eólica ficou estável, e a energia solar avançou, ou seja, é mais barato produzir energia solar do que a eólica. Houve um crescimento também da geração distribuída, enquanto a indústria de instalação de parques eólicos sofreu um abatimento", explica Linhares.

O segundo motivo, conforme o especialista, é a redução de incentivos para a energia renovável.

"O setor de energia e o mercado pressionam o Governo Federal no sentido de reduzir os incentivos relacionados com a energia renovável. A gente tinha uma redução de 50% da tarifa de uso do sistema de transmissão. 

Nas últimas revisões da legislação do setor, principalmente a última lei aprovada para o hidrogênio verde, continuaram com os incentivos para carvão e gás natural, mas retiraram e reduziram os incentivos para eólica e solar. A energia solar não sentiu muito impacto porque tem uma redução de custo muito grande", afirma.

Com informações do Diário do Nordeste.