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Foto Fabiane de Paula |
Figura
emblemática da cultura nordestina, os jumentos já foram utilizados para
transporte de carga e pessoas no interior do Ceará e aliados na
agricultura familiar, mas foram trocados por motos e máquinas ao longo
do tempo.
Em
número cada vez mais reduzido e despertando pouca compaixão na
sociedade, eles costumam ser abandonados, o sofrimento deles passa a ser
normalizado e ativistas suspeitam de tráfico dessa espécie para abate e
exportação.
Só
nos cinco primeiros meses de 2025, pelo menos 689 jumentos foram
recolhidos pelo em rodovias cearenses, segundo informações do
Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE), e levados para
currais. Aqueles que possuem donos podem ser retirados em até sete dias,
mas caso contrário eles são levados para uma fazenda em Santa Quitéria,
a 257 km de Fortaleza, onde recebem tratamento, incluindo exames e
vacinas.
O
mesmo ocorre com outros animais de médio e grande porte. “Como o
cavalo, vaca, carneiro tem valor comercial, os donos pagam a multa e vão
buscar, e os jumentos ninguém vai buscar e eles vão ficando, justamente
porque não têm valor comercial”, afirma Débora Façanha, pesquisadora da
Rede Jumentos do Brasil: Futuro Sustentável e professora da
Universidade Federal do Ceará (UFC).
Dados
da Organização Não Governamental (ONG) The Donkey Sanctuary apontam
que, em quatro décadas, a população de jumento brasileiro, espécie que
só existe no Brasil, reduziu 94%, correndo o risco de desaparecer. Em
paralelo, cerca de 248 mil deles foram abatidos entre 2018 e 2024.
Não
existem dados atualizados sobre o rebanho de jumentos no Ceará, mas
informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostram a redução da presença deles no Estado. De acordo com o Censo
Agropecuário de 2017, o mais recente disponível, havia aproximadamente
53,2 mil asininos — como jumentos, jegues, burros e asnos — no Estado,
metade do que o levantamento havia registrado em 2006 e 78,2% a menos do
que em 1970.