sexta-feira, 27 de junho de 2025

Sob ameaça de extinção, jumentos estão desprotegidos e sofrem riscos de tráfico e maus-tratos no Ceará

Foto Fabiane de Paula
Figura emblemática da cultura nordestina, os jumentos já foram utilizados para transporte de carga e pessoas no interior do Ceará e aliados na agricultura familiar, mas foram trocados por motos e máquinas ao longo do tempo. 

Em número cada vez mais reduzido e despertando pouca compaixão na sociedade, eles costumam ser abandonados, o sofrimento deles passa a ser normalizado e ativistas suspeitam de tráfico dessa espécie para abate e exportação.

Só nos cinco primeiros meses de 2025, pelo menos 689 jumentos foram recolhidos pelo em rodovias cearenses, segundo informações do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE), e levados para currais. Aqueles que possuem donos podem ser retirados em até sete dias, mas caso contrário eles são levados para uma fazenda em Santa Quitéria, a 257 km de Fortaleza, onde recebem tratamento, incluindo exames e vacinas.

O mesmo ocorre com outros animais de médio e grande porte. “Como o cavalo, vaca, carneiro tem valor comercial, os donos pagam a multa e vão buscar, e os jumentos ninguém vai buscar e eles vão ficando, justamente porque não têm valor comercial”, afirma Débora Façanha, pesquisadora da Rede Jumentos do Brasil: Futuro Sustentável e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Dados da Organização Não Governamental (ONG) The Donkey Sanctuary apontam que, em quatro décadas, a população de jumento brasileiro, espécie que só existe no Brasil, reduziu 94%, correndo o risco de desaparecer. Em paralelo, cerca de 248 mil deles foram abatidos entre 2018 e 2024.

Não existem dados atualizados sobre o rebanho de jumentos no Ceará, mas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram a redução da presença deles no Estado. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, o mais recente disponível, havia aproximadamente 53,2 mil asininos — como jumentos, jegues, burros e asnos — no Estado, metade do que o levantamento havia registrado em 2006 e 78,2% a menos do que em 1970.

Com informações do Diário do Nordeste.