sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Em 9 meses, quase metade das vacinas contra a dengue não foi aplicada no Ceará

Com o aumento do período chuvoso no Ceará, volta o alerta para o acúmulo de água em reservatórios pela possibilidade de gerar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya. Apesar de haver uma vacina disponível na rede pública de saúde, quase metade das doses enviadas ao Estado não foi aplicada ao longo de 9 meses.Foto Tiago Stille/Governo do Ceará

Devido à baixa demanda em todo o país, o Ministério da Saúde (MS) decidiu, neste mês, ampliar o público-alvo desse imunizante (até então, jovens de 10 a 14 anos) e remanejar doses com prazo de validade iminente para novos municípios, em caráter temporário. Ficou definido que:Doses com dois meses de validade: poderão ser remanejadas para municípios ainda não contemplados pela vacinação contra dengue ou ser aplicadas na faixa etária de 6 a 16 anos de idade;
Doses com um mês de validade: a estratégia poderá ser expandida para todo o público de 4 a 59 anos, 11 meses e 29 dias de idade.

“A expansão do público-alvo deve considerar a disponibilidade de doses e a situação epidemiológica de cada estado e município”, informou a Pasta.

Apesar dessa orientação, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) ainda não definiu como será a logística em território cearense. O órgão deve se reunir com representantes dos municípios, na próxima semana, para deliberar sobre a distribuição dos imunizantes.

Segundo o painel de monitoramento da Secretaria de Informação e Saúde Digital (Seidigi) do MS, 75.195 doses foram distribuídas ao Ceará desde abril de 2024. A última remessa, com 5.905 doses, foi enviada ao Estado em dezembro.

Ainda conforme a plataforma, os dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) mostram que 39.667 doses foram aplicadas no Estado, até 18 de fevereiro - cerca de 52% do total. Destas, 29 mil foram primeira dose e, outras 10 mil, segunda dose.

Do montante, 20,4 mil foram aplicadas em pessoas do sexo feminino, e outras 19,2 mil no sexo masculino. A maioria das doses foi aplicada em adolescentes de 12 a 17 anos (21,6 mil), seguidas por crianças de 5 a 11 anos (15,7 mil) e de 4 anos (286).

Em nota enviada ao Diário do Nordeste, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) confirmou dados semelhantes: recebeu 77 mil doses e aplicou 35 mil (45%), desde maio do ano passado. “A meta é alcançar a vacinação de mais de 200 mil adolescentes em 27 municípios cearenses”, ressaltou.

“A vacinação acontece nas unidades básicas de saúde. Realizar a vacinação de adolescentes requer estratégias adicionais para alcançar o esquema completo. Assim, os municípios estão realizando o planejamento local e intensificando a comunicação/divulgação sobre a importância da vacinação”, declarou a Pasta.

Conforme a Secretaria, os municípios estão realizando o dia D de vacinação, em locais e horários estratégicos para alcance do público. Além disso, estratégias de mobilização para controle do mosquito Aedes aegypti ocorrem em escolas. “Na oportunidade, as equipes de saúde estão referenciando o público para as salas de vacinas”, pontua.

O Ministério da Saúde também reconhece a “baixa adesão à vacina” no cenário nacional: em 2024, enviou 6,5 milhões de doses aos Estados e Municípios, mas apenas 3,3 milhões foram utilizadas (cerca de 50%). Entre os adolescentes, cerca de 1,3 milhão que iniciaram o esquema vacinal não retornaram para a segunda dose.

Em resposta, o órgão ampliou o público-alvo da vacina e recomenda que Estados e Municípios “intensifiquem as estratégias de busca ativa, identificando e mobilizando aqueles que ainda não completaram o esquema vacinal”.

Com informações do Diário do Nordeste.