sábado, 14 de setembro de 2024

Banido desde 2019, por que volta do horário de verão é opção para ajudar na seca extrema?

Medida extinta voltou ao debate no Governo Federal, que avalia benefícios que mecanismo pode trazer durante crise climática

Governo Federal estuda possível volta do horário de verão
Governo Federal estuda possível volta do horário de verão
Foto: Imagem ilustrativa/Freepik

O Brasil deixou de adotar o horário de verão em 2019, uma medida que visava reduzir o consumo de energia elétrica. No entanto, com a intensificação da crise climática e a seca extrema que o país enfrenta, o debate sobre a volta dessa medida voltou a ganhar destaque no Governo Federal. Em meio ao cenário climático no Brasil, o adiantamento do relógio em uma hora durante alguns meses do ano poderia ajudar a economizar recursos energéticos.

O horário de verão estava em vigor no Brasil desde 1931, mas durante o governo de Jair Bolsonaro, em 2019, chegou ao fim. O governo alegou, na época, que a mudança de comportamento dos brasileiros motivou a decisão, já que novos horários de trabalho foram criados, o que faria com que a economia de energia não fosse mais tão grande.

A volta do horário de verão é vista por especialistas como uma alternativa para ajudar a mitigar os impactos da crise climática. Com a mudança no relógio, a luz solar no fim do dia pode ser aproveitada, reduzindo a necessidade de iluminação artificial e, consequentemente, o consumo de energia elétrica.

Em tempos de seca extrema, quando a geração de energia hidrelétrica --principal fonte energética do Brasil-- é impactada pela baixa nos níveis dos reservatórios, qualquer economia de energia pode ser valiosa. Além disso, a medida também pode ter impactos positivos na gestão de recursos hídricos.

Ao reduzir a demanda por eletricidade durante os períodos de maior consumo, o horário de verão contribuiria para uma menor dependência das hidrelétricas, preservando os reservatórios em tempos de escassez de chuvas. Isso poderia minimizar a necessidade de uso de termelétricas, que são mais poluentes e custam mais caro.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a bandeira vermelha no patamar 1 nas contas de luz de setembro. A medida representa um aumento nas faturas. O acréscimo é de R$ 4,463 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, além das tarifas que já são computadas normalmente.

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Segundo o relatório mensal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), uma família brasileira consome em média 179,2 kWh. Levando essas duas informações em consideração, o aumento na conta no final do mês seria de R$ 7,99, caso as famílias mantenham o mesmo ritmo de consumo

O que diz o Ministério de Minas e Energia

Em comunicado, o Ministério de Minas e Energia (MME) destacou a importância de continuar avaliando a medida com responsabilidade para garantir a segurança energética no país.

"O Ministério de Minas e Energia (MME) esclarece que o retorno do horário de verão deve ser analisado sob diversos aspectos, como a geração de energia, os índices pluviométricos e, também, os aspectos econômicos da medida. O MME segue avaliando as condições com muita responsabilidade, de modo que garanta a segurança energética para todos os brasileiros", disse em nota ao Terra. Não há indícios de que a mudança possa acontecer ainda em 2024 no Brasil.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na última quarta-feira, 11, que a medida pode auxiliar na manutenção do preço da energia.

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, concordou que o horário de verão é uma das alternativas, mas é preciso também economizar na conta de luz.

Horário de verão já foi pauta no governo Lula

Em 2022, o governo federal levantou a mesma questão, mas, na época, foi constatado que o benefício energético ainda seria pequeno para uma volta da medida. A diferença, em 2024, está no agravamento das condições climáticas.

Como o Brasil enfrenta uma seca sem precedentes em todas as regiões, os riscos de crise hídrica e energética aumentaram. O novo cenário pode fazer com que o retorno do horário de verão tenha um impacto maior do que o estimado nos anos anteriores.

Outro argumento a favor vem dos comerciantes e profissionais da área do turismo, que afirmam que, devido ao maior tempo de luz solar, os estabelecimentos recebem mais clientes.

Pior escassez de água desde 1950

O Brasil enfrenta a pior escassez de água pelo menos desde 1950, enquanto o fogo consome a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal, atingindo uma área maior que o estado do Paraná. A seca atual atinge cerca de 59% do território brasileiro. 

Segundo relatório do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a seca no País entre 2023 e 2024 atinge de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados, o que representa 59% de todo o território nacional. 

Ao todo, 1.400 cidades enfrentam uma seca em nível extremo ou severo, devido ao período de estiagem, que chegou mais cedo. 

Fonte Terra