Foto Fabiane de Paula / SVM |
Aos
23 anos, a então costureira Cristina Moura, hoje com 56 anos, pediu
demissão de uma fábrica para cuidar do primeiro filho. O plano era
voltar ao mercado quando a criança já estivesse maior, mas a sobrecarga
do “trabalho invisível” fez algo provisório perdurar.
Sozinha,
ela precisou ser colo e seio, privar o sono, manter a casa e as roupas
limpas, fazer as feiras, a comida, acompanhar os rebentos na escola, nas
visitas ao pediatra, monitorar as febres, aplacar os choros e tantas
outras funções culturalmente atribuídas às mulheres – as quais podem se
tornar reféns dos afazeres domésticos e de uma vida dedicada aos outros.
“Queria
voltar a trabalhar até o meu primeiro filho completar 10 anos, mas veio
a segunda filha e começou tudo de novo. Dediquei-me inteiramente a
eles, à casa e ao ex-companheiro, que viajava sempre. Então, eu ficava
com as responsabilidades de mãe e de pai”, lembra.