quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Cearenses recorrem ao miojo e à salsicha para não passarem fome: 'alimentação saudável é um luxo'


Foto Diário do Nordeste 
Numa pequena casa azulada, no Bom Jardim, um dos bairros mais pobres de Fortaleza, um prato cheio oculta a dura realidade de cearenses de baixa renda: é almoçar o "miojo" ou sucumbir à fome. Essas famílias, que agora enfrentam ainda mais dificuldades de acesso aos alimentos saudáveis devido à inflação, são obrigadas a consumirem os ultraprocessados.

Abarrotados de gorduras, açúcares e sódio, esses produtos economicamente acessíveis (para uma parcela da população) provocam obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis que estão entre as principais causas de mortalidade no País, como câncer e diabete.

Para se ter ideia, os tubérculos, raízes e legumes ficaram 39,09% mais caros para os brasileiros no acumulado dos últimos 12 meses até julho, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Já as frutas subiram 33,11% no período.

Medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o indicador aponta a inflação sentida pelos grupos de renda mensal de um a 40 salários mínimos.

Se a professora de reforço Carla Torres, de 30 anos, moradora da casa ilustrada no início desta reportagem, pudesse fazer uma salada para almoçar, teria de desembolsar 53,18% a mais pelo pepino, 38,75% pela alface e 38,2% pela cenoura.

Enquanto a linguiça, a salsicha em conserva e o macarrão instantâneo, itens da sua dieta diária, subiram 4,31%, 7,59% e 26,5%, respectivamente. Apesar da alta significativa do 'miojo', esse item ultraprocessado permanece acessível por custar até R$ 2, a depender da marca.

Com informações do Diário do Nordeste.