quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Apesar do nome, novo surto de varíola dos macacos não tem relação com primatas

Foto: Unsplash

Mais de 28 mil casos de varíola dos macacos já foram relatados em 75 países, em junho deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença como uma emergência de saúde global. Por causa do nome, primatas têm sido mortos no Brasil, mas até onde se sabe, o novo surto mundial não tem relação nenhuma com esses animais.

O vírus monkeypox pertence à mesma família (poxvírus) e gênero (ortopoxvírus) da varíola humana, que foi erradicada mundialmente ainda em 1980. Na época, a doença possuía alta letalidade.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Primatologian (SBP), o atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos, e todas as transmissões identificadas, até o momento, pelas agências de saúde no mundo foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas.

Em menos de uma semana, oito macacos foram resgatados em áreas de mata no estado de São Paulo, um deles, já estava morto. Os outros sete apresentavam sinais de possível intoxicação, quase não conseguiam andar, e alguns ainda estavam machucados. De acordo com a Polícia Ambiental há suspeita de terem sido alvo de desinformação sobre a transmissibilidade da doença.

Nesta terça-feira (9), a porta-voz da OMS, Margareth Harris, deixou claro que matar esses animais não terá qualquer eficácia em relação ao surto e que a doença apenas ganhou esse nome por ter sido a primeira identificada, ainda nos anos 50, em macacos de um zoológico da Dinamarca.

A espécie afetada na época não ocorre no Brasil e pesquisas apontam que o vírus também foi achado em roedores. A OMS afirmou que já busca um novo nome para a doença, com o objetivo evitar estigmas ou preconceitos contra qualquer espécie.

A SBP afirmou em informativo público que os macacos (primatas não-humanos) não são os “Vilões”,e sim vítimas como nós (humanos), e que não devem “sofrer nenhuma retaliação, tais como agressões, mortes, afugentamento, ou quaisquer tipos de maus tratos por parte da população”.

O receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica. Muitos microrganismos afetam a saúde de primatas humanos e não-humanos, sendo que muitas vezes os primatas adoecem antes e isto nos alerta antecipadamente sobre a presença de uma doença que pode causar impacto sobre a saúde das pessoas. Ou seja, os macacos servem como animais sentinela sobre o risco de estarmos expostos a doenças”, finaliza o informativo.