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Foto Marcello Casal Jr/ Agência Brasil |
Acordar
no meio da noite para revirar a geladeira em busca de alimentos pode
ser um distúrbio de sono, porque o organismo da maioria das pessoas está
preparado para o jejum durante a madrugada e não digerir comidas
calóricas e em abundância durante o período do sono. O distúrbio
alimentar associado ao sono e a síndrome do comer noturno podem explicar
esta conduta atípica.
“Nessas
pessoas, o organismo entende que a hora de maior funcionamento seria à
noite. Por causa disso, têm pouca fome de manhã e mais apetite à noite”,
afirmou médica e pesquisadora do Instituto do Sono Dalva Poyares.
A
síndrome do comer noturno é um distúrbio alimentar que se caracteriza
pelo aumento da necessidade de ingestão de alimentos à noite, antes do
período principal de sono e com despertares noturnos para comer. O comer
noturno pode ter explicações ligadas ao metabolismo e ao ritmo
circadiano, que é o relógio interno do organismo do indivíduo. Há
pessoas, chamadas de vespertinas, que são mais ativas no período
noturno.
Para
identificar o distúrbio de sono de forma correta, os médicos investigam
se o paciente se lembra, ou não, de ter despertado para comer. A
amnésia total ou parcial do fato é um indicativo de distúrbio alimentar
associado ao sono, que pode ser desencadeado por medicamentos hipnóticos
ou por parassonia, que é um comportamento semelhante ao sonambulismo.
Na síndrome do comer noturno, o paciente tem consciência do que ingeriu e
memória dos eventos no dia seguinte.
Segundo
a médica, o distúrbio alimentar associado ao sono acomete pessoas com
propensão a ter parassonia e se caracteriza por despertares noturnos
acompanhados de comportamento exclusivamente relacionado à mastigação e à
deglutição de alimentos ou substâncias. No dia seguinte, a pessoa não
tem memória do fato ou apresenta apenas alguns fragmentos de lembrança.
“Quem
tem esse distúrbio de sono tende a comer alimentos não usuais ou
misturar alimentos que não combinam e que nunca consumiriam, se
estivessem conscientes, podendo acordar nauseado ou se sentindo mal”,
explicou Dalva Poyares.
Ela
disse que medicamentos hipnóticos usados para combater a insônia também
podem desencadear o distúrbio de sono em qualquer pessoa. Ao ingerir o
medicamento, em vez de dormir, a pessoa tem comportamento de
sonambulismo.
“Uma
das coisas que acontecem é a pessoa comer e não lembrar. Nesse momento
ela corre riscos associados à ingestão de substâncias tóxicas, coisas
que estão na geladeira e não estão muito boas, misturar alimentos que
não combinam, ou mesmo ter lesões por cozinhar ou preparar alimentos
durante a madrugada, ou acordar se sentindo mal”, afirmou.
De
acordo com a pesquisadora, há tratamentos disponíveis para os
distúrbios de sono. Se o comportamento persistir, é preciso procurar
ajuda profissional. “É preciso investigar as causas da superficialidade
do sono e os motivos que fazem o sono ficar fragmentado para tratar. Se
não se encontrar nada, é sinal de sonambulismo, que é outro tratamento."
A
médica alerta que essa situação pode ser perigosa e recomenda que se
tomem medidas de segurança como retirar objetos perfurocortantes do
ambiente, dificultar o acesso à geladeira, além de fazer o tratamento
para sanar tais distúrbios.