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Foto Fabiane de Paula/ SVM |
A
face perversa da pandemia continua se expondo todos os dias no Ceará,
com ou sem máscara. De janeiro a abril, pelo menos 38 crianças de até 11
anos morreram de Covid aqui – 28 delas, uma maioria absoluta, tinham
até 2 anos de idade.
Para
se ter ideia, é como se o coronavírus levasse embora pelo menos 1 bebê
em cada semana de 2022 até aqui. Os dados são do Integra SUS, da
Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), e abrangem os registros até abril.
Em
relação aos casos, o cenário muda: dos mais de 14 mil confirmados em
crianças até abril, só 29% foram entre os bebês. A maior parte (59%)
atingiu pessoas de 5 a 11 anos, faixa etária já vacinada; e os outros
12% correspondem aos pequenos de 3 e 4 anos de idade.
O
médico Robério Leite, infectologista pediátrico, destaca que o número
de óbitos por Covid é ainda mais expressivo entre menores de 1 ano de
idade. Isso acontece porque “essas crianças têm um sistema imunológico
imaturo, um trato respiratório mais vulnerável”.
É
provável, ainda, segundo Robério, que “boa parte dessas crianças que
evoluíram a óbito tenha alguma condição associada, como cardiopatias,
por exemplo”. É essa faixa etária a mais exposta a complicações e mortes
por vírus respiratórios.
ISOLAMENTO SOCIAL E IMUNIDADE
Crianças
que nasceram na pandemia amargaram, desde o início, os efeitos nocivos
do isolamento social, necessário para proteção contra a Covid. As
consequências, então, foram múltiplas – de biológicas a comportamentais.
“Teoricamente,
as crianças durante a pandemia, no período de maior isolamento, podem
ter tido um treinamento menor do seu sistema imunológico, colocando elas
em risco de complicações. Mas isso é teoria, não dá pra afirmar”,
explica Robério Leite.