Com shows de Fresno, Martin Garrix, Gloria Groove, Djonga, entre outros artistas, o Lollapalooza chegou ao seu terceiro e último dia da edição de 2022 neste domingo, 27. O festival contou com shows de artistas de peso nacionais e internacionais, além de estar inserido em polêmica, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que vetou manifestações políticas de artistas que se apresentaram no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.
A cantora Anitta foi uma das personalidades que usou seu perfil no Twitter para comentar a decisão liminar do TSE. "50 mil? Poxa... Menos uma bolsa. Fora Bolsonaro. Essa lei vale até fora do País? Porque meus festivais são só internacionais", escreveu a cantora neste domingo, 27, em alusão ao valor da multa em caso de descumprimento da decisão.
Durante o domingo, dia seguinte à divulgação da decisão, após alguns imprevistos por conta da chuva, que causou atrasos e cancelamentos, a banda Fresno se apresentou por volta das 15h15min apresentando a frase "Fora Bolsonaro" em letras garrafais no telão do palco principal da atração. Durante participação no show, cantando "Toda Forma de Amor", Lulu Santos subiu ao palco e afirmou: "Censura nunca mais!"
A decisão também atraiu críticas fora do mundo artístico. O apresentador Luciano Huck, questionou: "Num festival de música, quem decide se vaia ou aplaude a opinião de um artista no palco é a plateia e não o TSE. Ou ligaram a máquina do tempo, resgataram o AI-5 e nos levaram para 1968?". A decisão do TSE ocorreu após o Partido Liberal (PL), ao qual o presidente Jair Bolsonaro é filiado, entrar com representação no órgão.
A alegação era que críticas a Bolsonaro e exaltações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estariam ferindo a lei eleitoral. Um dos episódios envolveu a cantora Pabllo Vittar, que gritou "Fora Bolsonaro" e exibiu uma toalha com o rosto de Lula ao fim de sua apresentação. O pedido do PL foi acolhido pelo TSE, que proibiu novas manifestações políticas no Lollapalooza em decisão liminar. Em caso de descumprimento, a organizadora do evento terá de pagar multa de R$ 50 mil.
Outras manifestações
Daniela Mercury, que não faz parte do festival, divulgou uma nota por meio de sua assessoria em que diz que a decisão do TSE "soa como censura" e questiona: "A Constituição não assegura liberdade de expressão ao eleitor? A democracia é incompatível com censura prévia ao eleitor. O plenário do TSE precisa dizer aos eleitores, mesmo os que são artistas, se podem ser proibidos de manifestar espontaneamente sua preferência e sua crítica, a qualquer tempo."
Outro nome conhecido que também se manifestou sobre a decisão foi o youtuber Felipe Neto. Ele se propôs a auxiliar na questão: "Muitos não podem lidar com a perseguição do governo. Caso sejam perseguidos por se posicionarem, nosso movimento Cala Boca Já Morreu se dispõe a ajudá-los com a defesa. Se alguém for condenado e precisar, eu ajudo a pagar essa multa ilegal. Enfrentem!"
Entenda a decisão do TSE sobre o Lollapalooza
O ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), acolheu pedido do partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL, e proibiu, em decisão liminar, manifestações políticas no festival de música Lollapalooza.
Em caso de descumprimento, a organizadora do evento terá de pagar multa de R$ 50 mil, determina o despacho. "A manifestação exteriorizada pelos artistas durante a participação no evento, tal qual descrita na inicial, e retratada na documentação anexada, caracteriza propaganda político-eleitoral", entende o ministro do TSE. O caso deverá ser analisado em plenário, mas já tem valor legal.
O magistrado diz que a liberdade de expressão, direito assegurado na Constituição, não contempla as manifestações políticas dos artistas como as vistas no festival. "Caracteriza propaganda, em que artistas rejeitam candidato e enaltecem outro", argumenta o ministro. "Propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição".
A organização do Lollapalooza recorreu da decisão de Araújo, pedindo que a decisão seja revista e não seja aplicada qualquer penalidade. Em nota enviada ao portal G1, a assessoria do festival defendeu que não se pode transformar eventos culturais em movimentos “absolutamente neutros, sem participação política”. “Não se pode querer que os diversos eventos sociais não possam ter uma participação ativa nas questões eleitorais", enfatizou.
Homenagem ao Foo Fighters
Após cancelamento do show Foo Fighters no Lollapalooza, devido à morte do baterista da banda, Taylor Hawkins a noite deste domingo contou com uma homenagem de Emicida, Criolo, Planet Hemp, Rael e outros artistas brasileiros. Emocionado, Emicida pediu para a plateia que foi ao festival fazer barulho para o músico Taylor Hawkins, de 50 anos, encontrado morto no quarto do hotel onde o grupo se hospedava na Colômbia.
Hawkins foi declarado morto enquanto milhares de fãs aguardavam a apresentação desta banda ganhadora de vários Grammys, no Festival Estéreo Picnic, marcado para a noite de sexta-feira, 25. Os médicos forenses continuam trabalhando "para conseguir o total esclarecimento dos fatos que levaram à morte" de Hawkins. Em 2001, o baterista sofreu uma overdose de heroína que o deixou em coma. Em uma entrevista de 2021 à publicação musical Kerrang, ele afirmou que este episódio "mudou tudo" em sua vida. (Com Agência Estado)