domingo, 18 de julho de 2021

Número de inscritos para o Enem no Ceará cai 25,2% em relação a 2020


O número de inscritos do Ceará para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano caiu 25,2% em relação à última edição do exame, em 2020. A queda acompanha a conjuntura nacional e pode estar atrelada à Covid-19. Segundo o Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que aplica o Enem, houve redução de 29,5% nas inscrições em todo o País.

A baixa, conforme especialistas consultados pelo Diário do Nordeste, pode ter acontecido em razão dos prejuízos à aprendizagem provocados pelas aulas remotas, da quebra de vínculo dos estudantes com as escolas e da decisão do Governo Federal de não bancar a isenção de quem faltou à edição de 2020.

“Os estudantes que fazem o exame são, em sua maioria, das classes C, D e E, que vêm de escola pública. Ano passado, muitos deixaram de fazer a prova por receio da pandemia, da situação sanitária. E essa decisão do MEC [Ministério da Educação] de não dar isenção deve ter excluído muita gente que não consegue realizar a avaliação sem a isenção”, observa Lucas Hoogerbrugger, líder de Relações Governamentais do movimento Todos pela Educação.

No entanto, ele lembra que, no campo de justificativas para não comparecer à prova, não havia nada relacionado especificamente à situação sanitária. “As justificativas eram doenças e outros tipos de imprevisto”, cita o especialista.

No Ceará, o Governo Estadual sancionou lei que assegura a isenção a estudantes e egressos da rede pública estadual que, devido à pandemia, não prestaram o Enem em 2020 e tiveram seus pedidos negados pela gestão federal.

“Tentamos fazer um apelo ao Ministério da Educação para que garantisse a isenção não só no Ceará, mas no Brasil inteiro. Como não foi garantido, mandamos uma lei para a Assembleia Legislativa garantindo o pagamento”, disse, à época da sanção, no último 6 de julho, o governador Camilo Santana.

No entanto, ainda preocupa a situação sanitária, especialmente para evitar que haja outras abstenções no exame este ano. “Ano passado, muitos deixaram de fazer a prova porque estavam com medo das condições sanitárias e, de fato, quando foram verificar os espaços, tinha salas superlotadas, sem ventilação cruzada, aglomerações na entrada”, enumera Hoogerbrugger.

DECISÃO DE ESPERAR

Outro fator apontado pelo consultor educacional Rogers Mendes para a redução nas inscrições é a decisão pessoal de candidatos que, devido às aulas remotas, não se sentem preparados para se submeter ao Enem este ano ou mesmo que preferem aguardar a situação sanitária no País melhorar.

Sobre outro possível cenário de grandes abstenções, Mendes diz que não é possível cravar nenhuma projeção, visto que vai depender do cenário de casos, internações e óbitos causados pela Covid-19 no momento do exame. “Tem um vai e volta nas tensões da pandemia”, lembra o especialista.

Com informações do Diário do Nordeste.