O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) declarou que, se houver confirmação de ilegalidades no contrato para compras da vacina Covaxin, acreditará na hipótese de um impeachment de Bolsonaro. A declaração foi dada durante entrevista para a BBC News Brasil, nesta quinta-feira, 24. De acordo com o parlamentar, membro titular da CPI da Covid, a ação só poderia ser justificada em um “caso extremo” de corrupção, visto que o atual cenário do país não é propício.
“Qual
seria o caso extremo? O caso extremo seria, por exemplo, que nessa
história da Covaxin chegássemos à conclusão que havia interesses escusos
atrás disso e não haja explicação para o assunto. Aí não tem jeito,
porque simplesmente se negou à população brasileira uma vacina (a
Pfizer) que teria salvo vidas e vidas em função de um interesse escuso
(privilegiando a Covaxin)”, declarou o senador.
De
acordo com o senador cearense, devido a complexidade nos processos de
impeachment, o momento propício para a mudança na Presidência seria nas
próximas disputas eleitorais. “Eu acho que o presidente tem ainda uma
base de apoiadores grande, o impeachment é um processo demoradíssimo,
complicado, tem uma fase de transição, em que o vice-presidente da
República assume provisoriamente, e seria muito ruim se isso acontecesse
agora ainda em plena pandemia. Não seria bom para o país. O melhor é
que a mudança de presidente seja feita pelo voto nas próximas eleições
do ano que vem”, opinou Jereissati.
De
acordo com a BBC, Tasso declarou que a CPI ainda vai avaliar a quebra
de sigilo fiscal e bancário das empresas envolvidas na negociação. Além
da Precisa Medicamentos, intermediária entre o governo brasileiro a
indiana Bharat Biotech, a empresa Cingapura Madison Biotech também foi
indicada no contrato para receber US$ 45 milhões adiantados do contrato
de R$ 1,6 bilhão para aquisição de 20 milhões de doses.
A
Covaxin, produzida na Índia, se tornou alvo de investigações da CPI da
Covid e do Ministério Público. Em fevereiro deste ano, foi divulgado que
o governo brasileiro pagou cerca de 15 dólares por dose da Covaxin, o
equivalente a R$ 80,70, na cotação da época. A compra teria sido
executada antes mesmo de firmar contrato para compra de vacinas da
Pfizer, que custavam 10 dólares e que vinham sendo oferecidas ao Brasil
desde 2020. Atualmente, a Covaxin é a vacina mais cara negociada pelo
governo até agora.