sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Doces ou travessuras: conheça o dia das bruxas, o Halloween, tradição celta que tem conquistado o mundo com fantasias e filmes

O rosto entalhados nas aboboras é da lenda de Jack, um ferreiro que teria enganado a morte (Foto: Beth Teutschmann on Unsplash)

Em um dia do ano, adultos e crianças têm a oportunidade de soltar sua imaginação e se fantasiar do que quiser. Se nas terra brasileira, esse tipo de tradição é associada ao Carnaval, nos Estados Unidos e em diversos outros países, esse dia é ligado ao Halloween, ou dias das bruxas. Hoje, considerado o maior feriado não cristão dos Estados Unidos, em 2010, superou o Dia dos Namorados e a Páscoa como data em que o comércio mais vendeu chocolates. Com filmes, músicas e o misticismo da união entre o nosso mundo e o sobrenatural, a cultura tem sido "exportada" para outros países, entre eles o Brasil.

O Halloween é celebrado anualmente em 31 de outubro. A rede britânica BBC e o canal History rastrearam as origens do feriado e chegaram até o antigo festival celta de Samhain. Na época, as pessoas acendiam fogueiras e usavam fantasias para afastar fantasmas. Os celtas viviam onde hoje é a Irlanda, o Reino Unido e o norte da França e celebraram seu novo ano em 1º de novembro. Ligados a tradições que envolviam a natureza, o celtas consideravam o dia porque significava o fim do outono e a colheita, enquanto era o início do inverno, uma época do ano que muitas vezes estava associada à morte humana.

Então no dia 31, a crença era de que a fronteira entre o mundo dos vivos e dos mortos ficava turva e os fantasmas dos mortos poderiam retornar à Terra. Por volta de 43 d.C., o Império Romano conquistou maior parte do território e, durante os 400 anos no poder, uniu tradições com feriados já existentes. O primeira foi Feralia, uma celebração de dias ligada aos mortos. De forma parecida, houve a associação da colheita celta com a deusa Pomona, padroeira das frutas e árvores. Uma união que ainda permanece símbolo: o símbolo da deusa é a maçã, que até hoje, aparece nas brincadeiras de Halloween.

All Hallows Eve

O nome diferente da data também vem de uma união entre o cristianismo e a cultura pagã. Como explica a History, no século VIII, o papa Gregório III designou 1º de novembro como o dia para homenagear todos os santos. A noite anterior foi conhecida como All Hallows Eve, e mais tarde Halloween. No inglês, "hallow" é uma antiga forma de chamar "santo", e "eve" significa "véspera".

Essa ideia do místico e de uma união entre o real e o sobrenatural também influenciou em práticas excêntricas. O dia também era usado para saber mais sobre casamento e amor, com os outros dando pequenas dicas. Em seu poema Halloween, escrito em 1786, o escocês Robert Burns descreve formas como jovens podiam descobrir quem seria seu grande amor. Segundo a BBC, muitos dos rituais envolviam agricultura. Entre elas, uma pessoa puxava uma couve ou um repolho do solo por acreditar que seu formato e sabor forneciam pistas sobre a profissão e a personalidade do futuro marido ou esposa.

Em outros, era comum pescar com a boca maçãs marcadas com as iniciais de diversos candidatos. Essa “pescaria” ainda é uma brincadeira na data atualmente. A leitura de cascas de noz ou olhar um espelho e pedir ao diabo para revelar a face da pessoa amada também eram descritas.

A mistura também começou a ter um toque dos nativos americanos com a chegada de grupos étnicos europeus. Assim, começou o nascimento da data tipicamente mais associada aos Estados Unidos. Eventos públicos realizados para celebrar a colheita, assim como a contação de histórias dos mortos. Por volta do século XIX, as festividades no outono já eram comuns, mas não eram celebradas em todo o País.

Foi com migração em massa de irlandeses - onde a tradição do Halloween nasceu - que fugiam de uma baixa produção de batata irlandesa, que a data ficou mais popular.

 

 A cara do dia das bruxas

Com o tempo tudo foi se moldando para se tornar o fenômeno que o Halloween tem na cultura estadunidense. A abóbora entalhada, em vez do turnip, um tipo de nabo, como era feito no Reino Unido, virou decoração no país. E a cara nos frutos também virou marca registrada: o Jack, uma lenda de um ferreiro que foi mais esperto que o diabo e vagava como um morto-vivo deu origem às luminárias.

Foi também nos Estados Unidos que surgiu a tradição do "doces ou travessuras". Segundo a BBC, mesmo com indícios da prática na época medieval, foi nas terra americanas que ficou comum crianças aplicarem travessuras ou truques caso não ganhassem doces. Em meados do século XX, o Halloween começa a perder a maioria de seus tons supersticiosos e religiosos. Os estadunidenses gastam cerca de US$ 6 bilhões por ano no Halloween, que se tornou o segundo maior feriado comercial do país depois do Natal. Hoje, as fantasias e os doces são a cara do feriado que rodeia o imaginário também em filmes e outros produtos visuais.

No Brasil

No Brasil houve uma tentativa de "abrasileirar" a data, com o Projeto de Lei 2.762 de 2003, que queria instituir o dia 31 de outubro como o Dia do Saci. Um dos objetivos era incentivar à cultura local com a saudação a mitos folclóricos do país.  Em algumas cidades, é muito comum também haver menções em clubes e algumas casas noturnas, mas, que este ano, foram suprimidas pela pandemia de Covid-19.

O Povo separou alguns filmes para entrar no clima da data:

Jogo Perigoso (2017)

Hereditário (2018)

Nós (2019)

O Exorcista (1973)

Midsommar – O Mal não espera a noite (2019)

A Bruxa (2015)

A Bruxa de Blair (1999)

A Morte te dá Parabéns (2017)

Halloween (2018)

Psicose (1960)

Invocação do Mal 2 (2016)

Creep (2014)

IT (2017)

O Homem Invisível (2020)

Séries

A Maldição da Residência Hill (2018)

A Maldição da Mansão Bly (2020)

O Grito – Origens (2020)

O Mundo Sombrio de Sabrina (2018)