Aulas, conteúdos, tarefas e recursos se recuperam. Vidas não!
Não existe qualquer experiência bem-sucedida no mundo referente ao retorno às aulas presenciais antes da total contenção da Covid-19. Não podemos esquecer que esta questão envolve um universo de centenas de milhares de estudantes de todas as idades, professores e profissionais da educação, além de suas respectivas famílias. Esse fato nos coloca diante do cenário em que uma enorme parcela da população ficará vulnerável diante do risco iminente da escola se tornar um vetor de ampliação do contágio pelo coronavírus, contribuindo de forma determinante para o surgimento da tão temida “segunda onda” de contaminação.
É inadmissível que o Governo do Estado do Ceará adote uma postura de retorno às aulas descomprometida com a vida dos profissionais da educação, estudantes e toda comunidade escolar. Não é prudente arriscar a saúde da população sob o risco de tornar inúteis todos os esforços coletivos demandados até aqui visando a minimizar a tragédia da pandemia em nosso Estado.
Nossos professores vêm demonstrando destacada resiliência, competência e compromisso para, mesmo em um cenário de incertezas quanto à saúde e à vida, garantirem a continuidade do período letivo de nossos alunos, usando as tecnologias em suas várias nuances e assegurando bons aprendizados, obviamente resguardando as devidas proporções e limitações das ferramentas.
Para além disso, os Governos Estadual e Municipais devem assumir a responsabilidade de socializar os instrumentos tecnológicos necessários para estudantes e professores, a fim de promover pleno acesso a todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, bem como dar continuidade ao auxílio alimentação, tão necessário a milhares de alunos.
Sabemos que nada irá substituir a relação
professor/aluno e consideramos que o debate quanto ao retorno às
atividades presenciais vai para além da discussão acerca de protocolos
sanitários, devendo seguir os anseios, necessidades e orientações de
vários seguimentos, principalmente de professores e da comunidade
escolar como um todo.
Dessa forma, PROFESSORES E ALUNOS, por meio de suas entidades representativas (Sindicato APEOC, Frente Norte e Nordeste pela Educação, UNE, UBES, UEE, ACES e UNEFORT) reafirmam que sem a contenção do vírus, sem que exista definição clara de estratégias seguras de garantia de saúde e práticas sanitárias, sem que haja a responsabilidade concreta do governo na garantia da qualificação dos espaços físicos das escolas com financiamento e continuidade, não há como se pensar em retorno às atividades presenciais.