Após uma
semana de reuniões com ministros, incluindo o da Economia, Paulo Guedes,
o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou, neste último
sábado (29), que o Governo Federal pretende prorrogar o auxílio
emergencial pago a informais e desempregados até o fim deste ano, com um
valor menor que os R$ 600 atuais, mas superior a R$ 200.
Aliado do
presidente, o líder do Centrão, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL),
disse que a oficialização acontecerá na próxima terça-feira (1º). O
Governo deve prorrogar o auxílio com quatro parcelas de R$ 300, valor
que é defendido por Bolsonaro.
O
presidente participou de uma cerimônia pública de inauguração de uma
usina solar do Grupo DiRoma, de propriedade da deputada do Centrão Magda
Mofatto (PL-GO), dona de um patrimônio declarado de R$ 28 milhões, em
Caldas Novas (GO). A dois dias de enviar ao Congresso Nacional a
proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021, Bolsonaro disse que o
Governo passa por restrições orçamentárias sérias.
A Esplanada
vive uma disputa política interna por recursos, que, na última
sexta-feira (28), levou o Ministério do Meio Ambiente a dizer que
paralisaria o combate a incêndios e desmatamento, por causa do bloqueio
de verbas. Depois da declaração do ministro Ricardo Salles, o Governo
anunciou o desbloqueio.
"Ele (o
auxílio emergencial) é pouco para quem recebe e muito para quem paga.
Vocês gastam por mês R$ 50 bilhões neste auxílio. Nós pretendemos, com
um valor menor, que obviamente não será R$ 600, mas também não será R$
200, prorrogá-lo até o fim do ano e com isso fazer com que a economia
volte à sua normalidade", ressaltou Bolsonaro sobre a prorrogação.
De olho no
apoio do agronegócio, o presidente também citou, durante o evento, a
construção de ferrovias e disse que até o fim deste ano ou no começo do
ano que vem o Governo deve concluir a Ferrovia Norte-Sul, do Maranhão ao
Porto de Santos (SP). Ele também citou obras da Fiol, da Malha Paulista
e da Transnordestina.
"Estamos
fazendo o possível com os poucos recursos públicos que temos. O Brasil é
um País que deve muito e gostaríamos de fazer muito mais, mas temos
restrições orçamentárias bastante sérias", afirmou Bolsonaro.
Na
inauguração, o governador Ronaldo Caiado (DEM) foi vaiado seguidas vezes
por populares. Aliado de Bolsonaro, ele havia se distanciado e
anunciado rompimento com o presidente por divergências na condução das
ações de saúde contra a Covid-19, mas se reaproximou nos últimos meses.
"O presidente Bolsonaro, depois de Juscelino Kubitschek, foi o que mais
investiu no Estado de Goiás até o momento", disse. Ruralista histórico,
Ronaldo Caiado destacou a atenção do presidente com o setor rural.
Renda Brasil
A ideia do
Governo é que a extensão do auxílio seja uma transição para um "pouso
suave" no Renda Brasil, que substituirá o Bolsa Família e ainda está em
estudo pela equipe econômica, que tenta encontrar fontes de recursos
para o novo programa.
O anúncio
do Renda Brasil ficará para um segundo momento para que Guedes tenha
mais tempo para encontrar espaço para acomodar o novo gasto dentro do
teto, que limita o avanço das despesas à inflação. O presidente quer um
plano que não inclua a revisão ou a extinção de outros benefícios, como o
abono salarial, por exemplo.
O auxílio
emergencial foi criado originalmente para durar três meses - tendo como
base os meses de abril, maio e junho. Depois, o Governo prorrogou o
benefício por duas parcelas - julho e agosto - por decreto. O valor de
R$ 600 foi mantido. Para alterar o valor, será preciso a edição de uma
medida provisória, que tem vigência imediata.