
As medidas valem a partir de
segunda-feira, 22, e devem durar pelo menos duas semanas.
O número de pacientes diagnosticados com covid-19 no Paraná aumentou
415% em um mês - passou de 2.480, em 19 de maio, para 12.785 até a
sexta-feira, 19. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, 419
pessoas morreram por causa da complicações da doença.
Em resposta ao avanço da pandemia, o governo do Paraná baixou dois
decretos que afetam diretamente bares, shoppings e outros serviços não
essenciais. As orientações são válidas por 14 dias e podem ser
prorrogadas pelo mesmo período.
Um dos decretos abrange todo o estado e proíbe a venda de bebidas
alcoólicas das 22h às 6h. Além disso, neste intervalo de horário, o
consumo de bebidas em vias públicas não será mais permitido.
Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 19, o governador Ratinho
Junior (PSD) defendeu as restrições como forma de preservar o sistema
público de saúde. "A pessoa vai no bar, acaba bebendo demais, bate o
carro, e fica usando o leito de UTI que estaria à disposição", alegou.
O outro decreto é exclusivo para a Grande Curitiba. A fim de evitar
aglomerações durante a pandemia, sobretudo no transporte público, os
municípios da região metropolitana deverão adotar os mesmos horários de
funcionamento estabelecidos pela capital.
O comércio em geral deverá abrir as portas às 10h e fechar às 16h. Os
shoppings poderão funcionar de segunda a sexta, das 12h às 20h, e ficam
proibidos de abrir aos sábados e domingos.
Desta forma, o governo espera aliviar a pressão sobre os ônibus nos
horários de pico da manhã (6h às 8h) e da tarde (17h às 19h). "As
medidas vêm no sentido de tentar escalonar os horários no transporte
coletivo", resumiu o secretário da Saúde Beto Preto.
Os documentos têm caráter orientativo. Por isso, caberá aos 399
municípios do Estado normatizar as regras, estipular as punições
cabíveis e fiscalizar. Apesar de serem orientações, o governo do Paraná
afirma que há um acordo para que as prefeituras sigam os decretos à
risca.
A decisão anula parcialmente a flexibilização das medidas de restrição
impostas por uma norma orientativa publicada no dia 22 de maio. O
documento permitiu a reabertura dos shoppings, por exemplo, que estavam
fechados desde 19 de março.
O governador Ratinho Junior fez um apelo para que a população acate as
proibições. Segundo ele, medidas de restrição definidas pelo Poder
Executivo não bastam para combater a pandemia. "O que vai vencer o
coronavírus é o bom senso e a consciência de cada cidadão", afirmou.
Escalada do coronavírus preocupa no Paraná
O aumento repentino dos casos confirmados de coronavírus colocou todo o
Paraná em alerta. O Estado é a apenas o 20.º do Brasil em números
absolutos de diagnósticos, mas a crescente taxa de ocupação dos leitos
de UTI preocupa as autoridades locais.
A maior taxa de incidência vem de Cascavel, na região oeste, que
registra 305 casos para 100 mil habitantes. Sem leitos de UTI em número
suficiente para tratar pacientes com covid-19, o município tem
transferido doentes graves para Foz do Iguaçu, na região da tríplice
fronteira.
Curitiba é a cidade com maior número de casos no Estado - são 2.663
diagnósticos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Na capital,
um em cada quatro pacientes com coronavírus necessita de internamento.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para pacientes com
covid-19 na rede SUS alcançou o pico de 86% na última terça-feira, 16.
Curitiba encerrou a semana com 75% das vagas ocupadas.
Em todo o Estado, a estrutura paralela para atender pacientes
infectados pelo novo coronavírus ganhou quase 780 leitos em três meses.
"Estamos entrando em uma fase diferente", anunciou o secretário Beto
Preto, ponderando que os dados ainda não indicam uma situação crítica
como vista em outros estados. "Porém, não há zona de conforto. É uma
zona de trabalho para evitar que esses números piorem."