O capacete “Elmo”, aparelho de respiração assistida
criado para minimizar os impactos causados pela Covid-19, como a
necessidade de ventilação mecânica, começou a ser testado clinicamente
em pacientes acometidos pela doença pandêmica no Hospital Leonardo da
Vinci, em Fortaleza, na última terça-feira (23).
A iniciativa foi desenvolvida em conjunto, com o apoio do Governo do
Ceará, por meio da Secretaria da Saúde, Escola de Saúde Pública do Ceará
(ESP/CE) e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (Funcap), além da Federação das Indústrias do Estado do
Ceará (Fiec), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai/Ceará), da Universidade de Fortaleza e da Universidade Federal do
Ceará (UFC).
De acordo com o superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará
(ESP), Marcelo Alcantara, uma experiência inicial foi realizada com uma
idosa de 77 anos, internada com insuficiência respiratória causada pela
pneumonia por Covid-19, e já apresentou bons resultados. “Nos primeiros minutos, a saturação da paciente aumentou de 90 para 96 a 97%".
A expectativa é que o funcionamento do aparelho seja “simples” tanto
para pacientes quanto para os profissionais da saúde, segundo Marcelo.
“Trata-se de uma oxigenoterapia. É um dispositivo que
envolve toda a cabeça do paciente, é fixado no pescoço com uma base que
veda a passagem do ar. Dentro se aplica uma quantidade de oxigênio, ar
comprimido, que pode gerar uma pressão acima da atmosférica e essa
pressão ajuda em situações em que o pulmão está com dificuldade de
oxigenação”, explica.
Pelo menos 10 protótipos do capacete serão testados em cerca de 12
pacientes, ao longo da semana, até o final dos testes clínicos na
Capital, conforme o especialista e idealizador do projeto. “É uma fase
para comprovar o conceito do produto e a eficácia do ponto de vista da
oxigenação e da usabilidade, ou seja, o quanto o capacete é fácil de
usar, em relação à segurança e possíveis efeitos colaterais. É um estudo
piloto de segurança e eficácia”, esclarece.
Segundo Marcelo, o objetivo do Elmo é ajudar no tratamento da
insuficiência respiratória, evitar que o paciente seja entubado, “e
assim dar uma chance maior de sobrevida”. Sobre os resultados desta fase
de testes, o superintendente comenta que depende de uma série de
fatores, como a capacidade da linha de testagem, da análise rápida. “Os
resultados, então, podem ser rápido, como dentro de um mês, ou pode
demorar mais, já que é uma pesquisa”, ressalta.
Apoio
De acordo com Vasco Furtado, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza,
um dos campos de desenvolvimento do Elmo, “estamos envolvidos com
pessoas no projeto e no design, e na parte de montagem, a Universidade
esteve à disposição com laboratórios”.
A expectativa é de que haja a regulamentação do capacete
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após os testes
de eficácia e os possíveis ajustes necessários. “Estamos fechando um
contrato com a Esmaltec para a produção em larga escala. Acreditamos que
ainda em julho comecem as comercializações do produto”, declara.
Para Vasco, é importante pontuar também a união das instituições. “É
uma coisa difícil de se conseguir e é louvável essa soma de esforços e
expertise em um momento como esse”, finaliza.