
Investigadores avaliaram que o conteúdo da
gravação é “devastador” para o presidente e que ela “escancara a
preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a
seus filhos". As fontes dizem que Bolsonaro afirma que sua família sofre
perseguição no Rio de Janeiro e que, por isso, trocaria o chefe da
superintendência da PF no estado fluminense.
O presidente teria acrescentado, segundo as fontes de O
Globo e Folha de S. Paulo, que, se não pudesse fazer a substituição no
Rio de Janeiro, trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio
ministro da Justiça — à época, Sergio Moro . O conteúdo do vídeo já
começa a ser especulado horas depois da sua exibição. Além de Moro e um
advogado do ex-ministro, também esteve na PF o advogado-geral da União,
José Levi.
Após a suposta gravação, uma série de fatos envolvendo
Bolsonaro, o então ministro da Justiça Sergio Moro e a Polícia Federal
se desencadearam. O primeiro movimento a demissão do diretor-geral da PF, Marcelo Valeixo, nome de confiança do ex-juiz da Operação Lava-Jato. Em resposta, Moro pediu demissão, acusando o presidente da República de interferir politicamente no órgão policial.
Em seguida, Bolsonaro nomeou Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal. O nome foi barrado pelo ministro Alexandre de Morares,
do Supremo Tribunal Federal, em virtude da suposta amizade do indicado
com a família do presidente e diante das acusações de Moro — que
resultaram no inquérito atual, solicitado pela Procuradoria-Geral da
República.
Bolsonaro, por fim, nomeou Rolando Alexandre de Souza
— homem próximo a Ramagem —, que no mesmo dia trocou a chefia da
Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, suposta área de
interessa do clã Bolsonaro.