"Houve apenas uma pequena melhora no índice que tínhamos de isolamento.
Na comparação de sexta-feira (8) com esta sexta (15), subimos apenas
dois pontos percentuais, passando de 46% para 48%, mantendo-se abaixo
dos 50%, o que é insuficiente", afirmou Covas.
Agora o rodízio volta a ter as mesmas regras do passado, com restrição
de acordo com o final da placa, variando no dia da semana, de segunda a
sexta-feira, nos horários de pico. A isenção vale apenas para as
categorias que já tinham o benefício. "Quem foi multado, foi multado, e
poderá recorrer", explicou o prefeito.
Segundo a prefeitura, com o rodízio mais restritivo, cerca de 1,5
milhão de carros deixaram de circular e houve uma queda de 5,5% no
número de passageiros de ônibus, o que representa menos 64.266 pessoas.
O prefeito destacou a importância de se ampliar o isolamento na cidade:
"Estamos ficando sem alternativas. É preciso parar por São Paulo. Não
há outro caminho. Antes de pensarmos em abrir, é preciso parar. A nossa
competência é limitada. A região metropolitana é interligada, mas eu não
controlo trens e metrô", ressaltou.
Para tentar desacelerar o ritmo de contágio do coronavírus, o prefeito
encaminhou um projeto de lei para a Câmara de Vereadores, em regime de
urgência, para que os feriados municipais de Corpus Christi e
Consciência Negra sejam antecipados.
O presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), afirmou que já dialogou
com os líderes da Casa e garantiu celeridade, uma vez que o projeto será
discutido nesta segunda em uma sessão às 15h.
As novas datas para antecipação ainda não foram definidas.
Bruno Covas, em coletiva virtual na sede da Prefeitura, ressaltou que,
apesar dos esforços para criação de novos leitos para pacientes com
covid-19, os hospitais estão praticamente lotados. Ele lembrou também
que a cidade se "aproxima do período mais difícil".
Foram criados 840 novos leitos de UTI e sete hospitais municipais,
sendo que Brasilândia, Parelheiros e Bela Vista são estruturas
definitivas de saúde. Nove entre dez pacientes recebem alta se tiverem o
tratamento médico garantido.
Já o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, fez uma previsão:
"Em 15 dias, a rede de saúde estará comprometida, porque o isolamento é
insuficiente para o grau de evolução da doença na cidade. De 9 de abril a
15 de maio, houve um aumento de 432% no número de mortes por covid-19".
A cidade de São Paulo tem 38.479 casos confirmados de covid-19, 135.348 suspeitos, 2.766 óbitos pela doença e outros 3.143 em investigação.
Seis hospitais municipais já estão em 100% da capacidade,
e na capital a taxa de ocupação de UTIs é de 89%. No setor privado, dos
1.400 novos leitos, 97% estão ocupados. Das 2.500 vagas em enfermaria,
76% estão com pacientes.
Edson Aparecido disse que 2.996 pacientes já passaram pelos hospitais
de campanha e que aumentaram também, na cidade, os óbitos pela Síndrome
Respiratória Aguda Grave, chegando a 2.286 mortes.
O prefeito ainda prometeu reforçar as ações nos bairros com os 10 mil
agentes comunitários de saúde e afirmou que a população pode denunciar
estabelecimentos que desrespeitarem as regras da quarentena, que vai até
31 de maio.