Depois que a transmissão comunitária do Sars-Cov-2 foi confirmada no Ceará, os casos da Covid-19
se espalharam com velocidade mais acentuada. A circulação viral da
pandemia fez até unidades de acolhimento registrarem os primeiros
óbitos.
Embora tenham adotado medidas de contenção, as Instituições de
Longa Permanência para Idosos (ILPIs), por exemplo, tiveram cinco mortes
e um caso ainda sendo investigado. A informação é da Secretaria
Estadual da Saúde (Sesa).
Contudo, a Pasta não especificou em quais dos 48 equipamentos de
assistência à terceira idade as mortes aconteceram, assim como o gênero e
a faixa etária das vítimas. Fortaleza possui 18 ILPIs com
acompanhamento domiciliar realizado pelo Hospital Waldemar de Alcântara.
Outras 30 estão distribuídas em cidades do interior, quem recebem apoio
dos próprios municípios, complementa, informando que disponibiliza EPIs
e testes rápidos para todas as unidades.
Antes mesmo das confirmações de Covid-19, os abrigos já estavam sendo
monitorados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), através dos
promotores de Justiça e do Grupo Especial de Combate à Pandemia. O órgão
solicitou a elaboração de planos de contingência para evitar a
propagação do coronavírus, incluindo o uso de EPIs, suspensão de visitas
e aplicação da etiqueta de higiene.
"Uma das formas de fazer esse acompanhamento é por meio de
questionários virtuais, elaborados pelo MPCE em parceria com o Conselho
Estadual do Idoso (CEDI), para trocar informações e orientações entre os
órgãos de controle social e as instituições", ressaltou, em nota.
Ainda assim, óbitos foram documentados. De acordo com o MPCE, pelo
menos dois dos cinco idosos mortos, viviam institucionalizados em uma
mesma ILPI de Caucaia. O primeiro caso veio à tona na noite da última
segunda-feira (4), três dias após um homem com testagem positiva falecer
no hospital público do município.
A outra anotação mapeada pelo órgão trata-se de uma mulher, que deu
entrada na Unidade de Pronto Atendimento (Upa) no sábado (2) com os
sintomas da Covid-19 e veio a óbito na terça-feira (5), às 12h30. O
resultado laboratorial do exame não foi divulgado.
Um parente da vítima, cuja identidade será preservada a seu pedido,
disse que a idosa de 85 anos tinha diagnóstico de alzheimer. Ela foi
levada da ILPI para a emergência pela família, após ter conhecimento de
que a mulher apresentava febre e tosse intensa.
"Quando a gente se vê em uma relação dessa, de pensar o que é a morte
e o que é a perda, a gente não associa", pondera a fonte. A perda
trouxe ainda o sentimento de "frustração", já que todas as pessoas
próximas à vítima haviam reforçado as medidas de prevenção, como o
distanciamento social, uso de máscaras e lavagem das mãos.
Atenção
Para a familiar, é preciso que a sociedade pare de minimizar a força que o coronavírus tem sobre a vida dos infectados.
"Eu gostaria de falar para as pessoas, principalmente idosos, que não é brincadeira, não é uma gripezinha. As pessoas têm que entender e fazer a sua parte. As coisas não se resolvem em uma quarentena sem responsabilidade social", finaliza a parente.
Nesse cenário, o MPCE vai intensificar a fiscalização nas ILPIs.
Segundo o promotor Hugo Ponte, representantes de 20 municípios com ILPIs
participaram, na tarde de ontem (8), de uma reunião virtual para
atualizar os cronogramas de contingência da doença. O órgão solicitou
das secretarias municipais um detalhamento das ações que serão
implementadas.
"São atualizações naturais desse processo. É preciso saber, de uma
forma mais direta, quais as ações imediatas quando acontecer um óbito,
qual o protocolo adotado para os idosos lúcidos que desejarem voltar
para casa com segurança, como implementar os testes nos idosos e nas
equipes", explica.