Apesar das dúvidas sobre a volta do esporte
em meio à pandemia do coronavírus, há unanimidade entre os clubes e a
CBF sobre concluir todo o calendário de competições. A certeza é de que o
pontapé inicial da retomada será pelos campeonatos estaduais,
independente da data de retorno.
Para Ceará e Fortaleza, o Campeonato Cearense
significará a volta dos jogos oficiais. Mesmo sem saber quando será
possível retomar as atividades, os dois principais clubes do Estado já
estão se preparando internamente, com protocolos de segurança
finalizados, compras de kits de detecção para coronavírus e equipes
médicas para acompanhar o processo. A ideia é estar pronto para retorno
imediato, quando houver liberação das autoridades competentes.
"Estamos fazendo o dever de casa, que é deixar tudo
pronto para um possível retorno; protocolos, testes, quantidade de
pessoas que vão trabalhar, redução de comissão técnica, cuidado com
rouparia, alojamentos individuais", enumerou Marcelo Paz, presidente do
Fortaleza.
Mas os demais clubes cearenses estarão preparados para a
retomada do futebol? Esta é a pergunta que traz preocupação para
Robinson de Castro, presidente do Ceará.
"Tudo vai começar pelo campeonato estadual, mas como
vamos começar se a gente não sabe se o Barbalha vai ter condições de
fazer os protocolos, se têm médicos para acompanhar esse processo,
capacidade de adquirir os testes? O Caucaia vai ter condições",
questionou o presidente alvinegro.
Paralisado desde março, o Campeonato Cearense tem mais
duas rodadas da fase de grupos e o mata-mata para concluir com oito
times em disputa. Os dirigentes de Ceará e Fortaleza têm se reunido com o
presidente da Federação Cearense de Futebol (FCF), Mauro Carmélio, para
buscar alternativas ao momento delicado de crise por causa do
coronavírus.
"A gente já deu algumas ideias para a Federação assumir
o protagonismo desses pequenos clubes, porque se não amanhã chega o
Governo Federal dizendo que dia 20 de maio todo mundo pode treinar.
Ceará e Fortaleza vão treinar, mas os outros clubes não porque não
compraram EPIs, testes, nem estão com protocolo feito. O que adianta
treinar, vamos jogar contra quem?", afirmou Robinson.
Diante desse cenário, talvez fosse mais fácil retomar a
Copa do Nordeste, que reúne equipes mais estruturadas. O problema nesta
hipótese parte da CBF, que sequer discute a competição nas
videoconferências semanais que faz com os dirigentes.
"As reuniões são entre os clubes da Série A e a CBF,
geralmente, e como a competição só interessa a Ceará, Fortaleza, Bahia e
Sport, a gente não fala sobre ela lá", explica Robinson. Ciente desse
indiferença, a Liga do Nordeste chegou a debater com os clubes uma
possibilidade de concluir o torneio em sede única, mas a proposta foi
rejeitada de imediato.
O certo é que o Nordestão terá que ser concluído, pois
precisa honrar compromissos com patrocinadores e é financeiramente
importante para os clubes, mas os dirigentes não acreditam que o certame
vai aproveitar brechas no calendário durante a Série A.
"Acredito que a Copa do Nordeste vai ser encaixada
dentro do Brasileiro, porque acredito que as competições mais distantes
de retornar são as continentais. É outro protocolo, outro risco [...]
vão sobrar algumas datas que devem ser usadas para Copa do Brasil e Copa
do Nordeste no meio dessas competições, é o que eu imagino", disse Paz.
(Brenno Rebouças)