O presidente Jair Bolsonaro desistiu do pronunciamento que faria em rede nacional
de rádio e televisão neste sábado (16) para defender mais uma vez o fim
de medidas de isolamento social, informou a Secretaria de Comunicação
Social da Presidência.
Segundo o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo
Estado) apurou, a ideia é aguardar até que haja uma definição no
Ministério da Saúde, depois de Nelson Teich ter deixado nesta
sexta-feira (15), o comando da pasta em meio à pandemia do novo
coronavírus. Ainda não há previsão para a substituição definitiva do
ministro. Com a saída de Teich, o secretário executivo do ministério,
general Eduardo Pazuello, assume interinamente a pasta.
No fim da tarde deste sábado (16), Bolsonaro saiu rapidamente para
cumprimentar cerca de 50 apoiadores que o aguardavam na portaria do
Palácio da Alvorada, uma das residências oficiais da Presidência, e
indicou que deve participar de novas manifestações favoráveis ao governo
amanhã. "Onze horas na rampa", comentou, em referência à rampa do
Palácio do Planalto, de onde costuma acompanhar os protestos.
No passeio deste sábado na frente do Alvorada, Bolsonaro disse que
não falaria com jornalistas. Indagado por profissionais da imprensa
sobre a escolha do novo ministro da Saúde, o presidente permaneceu em
silêncio.
Bolsonaro também assistiu à cerimônia de descendimento da Bandeira
Nacional no Alvorada. A alguns metros, dezenas de apoiadores
aglomeravam-se para tirar fotos e acompanhar a cena. Pouco antes, quando
algumas pessoas pediram para fazer um registro mais próximo, Bolsonaro
negou. "Se eu chegar perto, vocês vão ver a festa que vai fazer", disse o
presidente em referência aos jornalistas.
A intenção de fazer o novo pronunciamento - o sexto desde o início da
crise - foi revelada pelo presidente na última quinta-feira (14)
durante videoconferência com empresários no Palácio do Planalto. "Nós
temos que ter mais do que comercial de esperança, transmitir a
confiança. Tanto é que vamos ter um pronunciamento gravado para sábado à
noite nessa linha", disse na ocasião.
O presidente defende uma abertura geral de estabelecimentos
comerciais e o chamado "isolamento vertical" - que vale apenas para
idosos e doentes.
Cloroquina
Pelo Twitter, Bolsonaro voltou a defender, neste sábado, o uso da
cloroquina, que ainda não tem eficácia comprovada para o tratamento da
covid-19. Na rede social, Bolsonaro compartilhou uma frase que diz que
"um dos efeitos colaterais da cloroquina, remédio baratíssimo, é
prevenir a corrupção". A cloroquina tem sido indicada com precaução por
médicos principalmente devido aos riscos cardíacos.
Um dos motivos que ocasionou a saída do ex-ministro Nelson Teich do
governo foi justamente a pressão de Bolsonaro para que a Saúde
recomendasse formalmente o uso da cloroquina até mesmo em pacientes com
sintomas leves de covid-19.
Como mostrou o Estadão, após a exoneração de Teich, Bolsonaro
determinou que o ministro interino, general Eduardo Pazuello, assine uma
medida com a ampliação do uso da cloroquina. Atualmente, a pasta
orienta profissionais do sistema público de saúde a prescrever a
substância apenas em casos moderados ou graves.