Os juízes entendem que
os protestos nas ruas causam aglomerações e desrespeitam medidas de
isolamento social tomadas pelos governos para evitar a propagação do novo coronavírus. No Maranhão e em Goiás, as decisões são válidas para o estado todo. Em São Paulo, as medidas ainda são pontuais.
Em Goiás, o juiz Adegmar José Ferreira atendeu a ação civil do
Ministério Público estadual e proibiu manifestações em todo o Estado,
inclusive um ato pela reabertura do comércio marcado para esta
segunda-feira, 30. O magistrado autorizou o uso de forças da segurança
pública, "dentro dos limites legais", para conter os protestos que
possam causar aglomeração. Os organizadores serão responsabilizados
criminalmente.
A medida vale até 30 de abril. A decisão foi encaminhada na manhã de
domingo, 29, ao gabinete do governador Ronaldo Caiado (DEM) e ao
secretário de Segurança Pública. Em rede social, o governador confirmou o
recebimento e disse que iria tomar todas as medidas para cumprir a
medida judicial.
No Maranhão, o juiz Douglas de Melo Martins proibiu atividades que
gerem aglomerações em todo o Estado. A decisão, dada na sexta-feira
(27), teve como alvo principal a "Carreata Geral São Luís", convocada
por empresários e comerciais para esta segunda-feira, 30. As convocações
faziam alusões à campanha publicitária do governo federal sob o tema "O
Brasil não pode Parar", já vetada pela justiça. O juiz autorizou usar
força policial e apreender veículos e material usados em manifestações. A
ação foi ajuizada pelo Ministério Público, Defensoria Pública e OAB do
estado.
Em Ribeirão Preto, interior paulista, a juíza Vanessa Aparecida Pereira
Barbosa acatou ação do Ministério Público e proibiu manifestações pela
reabertura do comércio, devido ao risco de aglomeração. Uma carreata que
estava marcada para este domingo, 29, teve de ser cancelada. A juíza
mandou abrir inquérito policial contra os organizadores de manifestações
realizadas na sexta-feira (27). Cinco integrantes do Movimento
Conservador Ribeirão Preto, entre eles o assessor parlamentar de um
deputado estadual do PSL, tiveram os computadores apreendidos.
O inquérito vai apurar crimes contra a saúde e paz públicas, além de
descumprimento à legislação municipal e estadual. De acordo com a juíza,
o direito à livre manifestação não pode colocar em risco os demais
direitos constitucionais. Foi estabelecida multa diária de R$ 100 mil se
a ordem for descumprida. Na cidade, apenas o comércio de produtos
essenciais está funcionando. O fechamento vai até 8 de abril.
Em Bauru, a Polícia Civil abriu inquérito para investigar os
organizadores de protestos e carreatas pedindo a abertura do comércio.
Os atos aconteceram de sexta a domingo, 29, e resultaram em
aglomerações. Dois organizadores foram identificados e serão ouvidos. O
inquérito apura crimes de associação criminosa e infração de medida
sanitária preventiva.
O juiz Mauro Antonini, de Piracicaba, deu liminar neste domingo (29),
proibindo carreatas pela abertura do comércio marcadas para esta semana
em São Pedro. A ação foi movida pela prefeitura, que alegou que os atos,
convocados pelas redes sociais, contrariavam decretos municipais contra
o coronavírus. O juiz invocou a lei federal dispondo sobre medidas para
enfrentamento da emergência em saúde pública devido à pandemia.
Em Capivari, a prefeitura publicou decreto no sábado (28), suspendendo
manifestações com mobilização pública até o dia 8 de abril. Um ato
previsto para o domingo teve de ser cancelado. O decreto autoriza a
requisição de força policial para evitar as manifestações.