domingo, 15 de março de 2020

Ex-ministro deixou cartas para Bolsonaro com aliados

Gustavo Bebianno morreu na madrugada deste sábado, 14Dias após ser demitido, em fevereiro de 2018, o ex-ministro Gustavo Bebianno encaminhou cópias de uma carta a Jair Bolsonaro para diversos ministros e pessoas próximas do presidente. O documento, que recomendava o ex-aliado a evitar conselhos do filho Carlos Bolsonaro, teve conteúdo revelado ontem pelo Estado de S. Paulo, horas após a morte do ex-ministro.

"Eu disse que Carlos não sabia amar, era nutrido por ódio o tempo inteiro. Ninguém o ensinou a amar. Ele não aprendeu", disse Bebianno ao jornal paulista. Segundo ele, cópias da carta foram entregues para o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (à época chefe da Casa Civil), ao general Maynard Santa Rosa, então chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e para o ator Carlos Vereza, próximo de Bolsonaro durante a campanha.

Em entrevista ao programa Roda Viva, há onze dias, Bebianno voltou a criticar Carlos Bolsonaro, acusando o filho do presidente de ter montado uma "Abin paralela" dentro do Palácio do Planalto, para espionar e atacar aliados. A acusação é rejeitada pelo filho do presidente, vereador do Rio de Janeiro pelo PSL.

"Eu sou muito sensível. Eu sinto a energia das pessoas. Não posso ter me enganado tanto. Eu só enxergava uma pessoa de bom coração, sincera. Acho que ele (Bolsonaro) é assim, mas todo mundo tem luzes e sombras. Eu conheci o pior lado também", disse o ex-ministro.

Neste sábado, Carlos Vereza afirmou que deverá encaminhar a cópia que recebeu da carta a Bolsonaro para a viúva do ex-ministro, a advogada Renata Bebianno. "Ela que deve decidir o que fazer com a carta", disse o ator ao jornal O Globo.

Pré-candidato a prefeito do Rio pelo PSDB, Bebianno tentava se colocar como alternativa a uma possível polarização entre Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol). O lançamento formal da pré-candidatura estava marcado para 4 de abril, com presença de João Doria.