quinta-feira, 27 de junho de 2019

Lula quis que defesa fosse para o 'tudo ou nada' em julgamento

(AP Foto/Andre Penner, Archivo)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou que seus advogados fossem para o “tudo ou nada” durante a votação da 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) de seus dois habeas corpus, na tarde desta terça-feira (25).

Na decisão, os ministros derrubaram um dos pedidos e adiaram a apreciação do outro para o segundo semestre, negando ainda - por 3 votos a 2 - um pedido da defesa para que o petista aguardasse em liberdade.

Lula queria que sua defesa pressionasse para que os ministros votassem o mérito do segundo HC (habeas corpus), que questiona a imparcialidade do ex-juiz e agora ministro da Justiça, Sergio Moro, nos processos que foi condenado no âmbito da operação Lava Jato.

O primeiro HC de Lula questionava o fato de o relator do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Félix Fischer ter tomado sua decisão no STJ sozinho, e foi negado por 4 votos a 1.

Lula ignorou as ponderações feitas por aliados de que adiar o debate do HC que questiona a atuação de Moro poderia ser positivo, uma vez que novas revelações do escândalo das mensagens com procuradores poderiam surgir, conforme a jornalista Mônica Bergamo publicou em sua coluna no jornal Folha de São Paulo.

O cálculo do ex-presidente levava em consideração que, se o STF não o soltasse agora, isso dificilmente ocorreria depois, já que o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) vai apreciar a condenação do ex-presidente no caso do sítio de Atibaia.

Se a segunda instância da Justiça Federal confirmar a condenação de Lula, o petista pode não sair da prisão mesmo que, mais tarde, Moro seja considerado suspeito.

As dificuldades, como a possibilidade de adiamento, foram um banho de água fria. “Bateu o desespero”, disse uma pessoa próxima a Lula, segundo Mônica Bergamo.

A VOTAÇÃO

Por 4 votos a 1 o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um de seus dois pedidos de habeas corpus negado pelo Supremo Tribunal Federal nesta terça (25). Mais tarde, por 3 votos a 2, o pedido feito pelo ministro Gilmar Mendes e pela defesa de Lula para que o petista aguardasse o julgamento do mérito do segundo HC foi rejeitado, mantendo Lula preso.

Logo que a sessão começou, Gilmar propôs que, caso o tribunal não julgasse os dois habeas corpus, Lula pudesse aguardar em liberdade pelo julgamento seguinte — que, no caso, acontecerá no mínimo em 6 de agosto, uma vez que a partir desta quarta o STF entra em recesso.

"Como temos a ordem de trabalho organizada, o que quero propor ao tribunal é de fato conceder, autorizarmos uma medida, para que o paciente [Lula] aguardasse em liberdade a nossa deliberação completa", afirmou Mendes no início da sessão.

Antes mesmo da votação começar, a expectativa da defesa era de que apenas o segundo pedido de HC fosse votado (veja os pedidos feitos abaixo).
Isso porque os advogados do ex-presidente afirmavam que a tendência é que o habeas corpus referente ao ex-juiz Sergio Moro só seja julgado após o desfecho da série de reportagens do site ‘The Intercept Brasil'.

OS HABEAS CORPUS PEDIDOS PELA DEFESA DE LULA

  • No primeiro, os advogados do ex-presidente questionam a atuação do relator da Lava Jato no STJ, ministro Felix Fischer
  • No segundo, é apontada a suspeição do ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça, durante o processo que condenou Lula

O que a defesa de Lula questiona?

O primeiro habeas corpus apresentado é questiona o fato de Fischer ter tomadoi sua decisão no STJ sozinho. Os advogados do petista afirmam que a decisão não poderia ser individual e sim submetida aos integrantes da Quinta Turma do STJ. Em abril, em decisão unânime, a Quinta Turma votou por manter a condenação, mas reduzindo sua duração de 12 anos e 1 mês para 8 anos e 10 meses.

No segundo habeas corpus, que não foi votado pelo STF nesta terça, a defesa do ex-presidente questiona a o ex-juiz Sergio Moro. Esse pedido vem desde dezembro passado, quando Moro aceitou se tornar ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL). A imparcialidade do atual ministro é questionada pela cúpula de defesa do petista.