O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, coordenador de campanha do
ex-presidente Lula, "assume" mais uma tarefa na próxima semana. Ele
passará a ser um dos advogados que integram a defesa do petista, preso
há quase três meses em Curitiba.
Formado há mais de 30 anos em Direito pela Faculdade Largo São
Francisco, da USP, Haddad não construiu carreira na área jurídica. Após
fazer mestrado em Economia permaneceu na vida acadêmica até adentrar na
vida política, quando passou a conciliar as duas ocupações.
Seu diploma em Direito e a carteira da OAB, no entanto, abrirão as
portas da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba para que o
petista possa visitar Lula com mais frequência e, consequentemente,
despachar assuntos da campanha eleitoral sem a ajuda de intermediários.
Antes de integrar o time de advogados de Lula, Haddad fazia parte da
restrita e concorrida cota de visitas que só podia ver o ex-presidente
por uma hora nas tardes das quintas-feiras. O período é destinado a
amigos, mas tem sido usado pelo partido para tratar de assuntos
políticos e eleitorais. Haddad havia visitado Lula apenas duas vezes
desde sua prisão, em abril.
Com a mudança de status, ele terá o direito de ver o pré-candidato
petista todos os dias da semana. Responsável pelo programa de governo de
Lula, o ex-prefeito vem representando o petista em debates e sabatinas
pelo país - dividindo o papel com Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e
Emídio de Souza, tesoureiro da legenda e pré-candidato a deputado
estadual.
O mais recente encontro entre o coordenador da campanha e o
ex-presidente foi nesta quinta-feira, 28. Na saída da visita, Gleisi
afirmou à imprensa que Lula gostaria de ver Haddad todos os dias. O
partido deverá apresentar as propostas de governo da pré-campanha nas
próximas semanas.
Movimentos
Após forte divergência interna na legenda com a conversa de Haddad e
Ciro Gomes (PDT) no final de abril, o ex-prefeito de São Paulo fez
questão de deixar claro na noite desta sexta-feira, 29, que não há PT
nas eleições sem o Lula - discurso que converge com aquele adotado por
outros dirigentes da legenda.
"Como nós do PT podemos abrir mão do Lula? Não temos condição política,
eleitoral, moral, programática. O PT não pode e não vai abrir mão de
Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou Haddad ao final de sua fala no
debate com representantes dos pré-candidatos à Presidência da esquerda,
promovido pelo movimento Quero Prévias.
No encontro, tanto o porta-voz da pré-candidatura de Manuela D'Ávila
(PCdoB) como a da de Ciro Gomes focaram suas falas na necessidade de a
esquerda eleger um único candidato para disputar já o primeiro turno.
Outro sinal que conduz o ex-prefeito de São Paulo a uma maior
proximidade com a cúpula do partido foi seu recente ingresso na corrente
majoritária petista Construindo um Novo Brasil (CNB), do qual o próprio
Lula faz parte. A mudança foi vista com bons olhos entre
correlegionários, que ainda o consideram um estranho no ninho, e como um
alinhamento de ideias.