Após mais de dois meses de mobilização, a campanha de vacinação contra a
Influenza chegou ao fim ontem (22) no Ceará, com 95,63% do público-alvo
imunizado. Embora o Estado tenha superado a meta determinada pelo
Ministério da Saúde, municípios que ainda tiverem estoques de vacinas
deverão seguir orientações da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e
continuar a imunização em dois grupos prioritários que ainda não
atingiram a cobertura ideal: crianças de seis meses a 5 anos de idade e
as gestantes.
Segundo a coordenadora de Imunização da Sesa, Ana Vilma Leite, na faixa
etária infantil, a cobertura registrada até o momento é de 87%. Já
entre as gestantes, atinge 88%. Ambas estão abaixo da meta de 90%
estabelecida pela pasta federal. "São dois grupos importantes. As
crianças, por exemplo, mantem surtos e podem passar a doença para outras
faixas etárias. Além disso, nesse ano, elas foram o grupo mais
acometido pela doença, por isso é mais um motivo para ter cuidado",
destaca Ana Vilma.
Dos 184 municípios cearenses. 16 não alcançaram a meta de 90% de
cobertura e, por isso, deverão manter a imunização entre os dois grupos.
Além destes, também continuarão a mobilização os municípios que, mesmo
atingindo a meta determinada, não obtiveram homogeneidade na vacinação.
Cidades como Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Sobral se encontram nessa
situação.
Apesar da orientação da Sesa, a coordenadora destaca que o Estado não
receberá novas vacinas. "O Ministério já mandou 100% das vacinas para os
municípios e não tem cota extra. Estamos fazendo isso só pra otimizar o
que ainda temos e não deixar vacinas em estoque nas unidades, visto que
elas só chegam uma vez por ano", frisa.
Deslocamento
Conforme Ana Vilma, não é possível apontar motivos específicos para a
cobertura abaixo do esperado entre crianças e gestantes. "O que
observamos é que, no nosso grupo de puérperas, estamos com mais de 100%
vacinadas. Algumas mulheres que estavam gestantes hoje estão na condição
de puérperas. Talvez tenha ocorrido um deslocamento do grupo
prioritário", diz.
A coordenadora salienta que o Ceará obteve a terceira melhor cobertura
vacinal do Nordeste. Mesmo com os problemas na entrega das vacinas
registrados durante a campanha, que foi iniciada no dia 20 de abril, Ana
Vilma avalia os resultados da mobilização como positivos.
"Tivemos um começo difícil, porque houve casos da doença pela
sazonalidade e a vacina não chegou aos postos de uma só vez. Mas isso
não impediu o Estado de atingir sua cobertura em tempo hábil. Um dos
diferenciais da campanha desse ano foi o querer da população, que
compreendeu a importância da prevenção", explica.
Registros
De acordo com o mais recente boletim epidemiológico da Sesa, publicado
no último dia 8, até o dia 6 de junho o Ceará havia registrado 405 casos
de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo vírus
influenza. Destes, 285 foram provocados pelo vírus A H1N1, 19 pelo vírus
A H3/Sazonal, 15 por um vírus A não subtipado, e 86 pelo vírus B. Ao
todo, 63 pessoas morreram. Em todo o ano passado, foram contabilizadas
36 ocorrências de SRAG por influenza e cinco mortes. As maiores
incidências da doença neste ano ocorreram nas macrorregiões de
Fortaleza, Sertão Central, Sobral e Cariri.