Destituído da presidência do PSDB por Aécio Neves, o
senador Tasso Jereissati (CE) disse que o partido do senador mineiro não
é o mesmo do seu. "O PSDB desses caras não é o meu. E não é o do
Fernando Henrique, do Mário Covas, do José Richa, do Franco Montoro".
Inicialmente,
Tasso disse ter sido surpreendido pela postura de Aécio e afirmou que o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, também não foram informados da decisão.
Mais
tarde, disse: "Foi uma surpresa diante de uma pessoa com a qual eu não
deveria mais me surpreender". "Ele não está pensando no coletivo do
partido há muito tempo, desde que ele está agarrado nesta presidência."
O
senador cearense afirmou que o gesto de Aécio teve a influência do
governo de Michel Temer, dada a proximidade do mineiro com o presidente.
"Eu acho que quando ele fala [que sofreu] pressão, pressão, pressão, eu
acredito que seja isso, também."
Tasso
disse que o episódio vai fortalecer sua candidatura à presidência do
PSDB, na convenção marcada para 9 de dezembro. "A candidatura acho que
se fortifica. Evidentemente não é fácil enfrentar estrutura do governo
federal e nem do partido", afirmou.
Ele
disse que, agora, não acredita na possibilidade de uma composição com o
governador de Goiás, Marconi Perillo, que também disputará o comando do
partido. "As diferenças são muito profundas. Dificilmente serão
apagadas. Está na hora de ter lado."
Ao deixar o Congresso, Aécio disse que sua decisão é "absolutamente legítima e, a meu ver, necessária".
"A
mesma responsabilidade que me fez indicar o senador Tasso Jereissati
para cumprir adequadamente, como cumpriu, esta interinidade, me fez
agora nomear o ex-governador Alberto Goldman. Por uma simples razão: o
senador Tasso, diferentemente do que dizia anteriormente, e é legítimo
esta sua nova decisão, ontem anunciou a sua candidatura à Presidência do
PSDB", declarou.
REAÇÕES
Já
deputados tucanos reagiram à destituição do senador cearense. "Aécio
poderia ter tido a dignidade de avisar o Tasso que ia tomar essa
decisão. Não da pra conviver com esse tipo de gente não", disse Daniel
Coelho (PE).
"Ele
tem memória muito curta. Em menos de um ano estava no cargo e articulou
para prolongar. Para prorrogar cargo dele pode. Isso é uma coisa
incompreensível", disse Pedro Cunha Lima (PB), rebatendo argumento de
"isonomia" usado pelo mineiro para tirar Tasso do cargo.
O
senador Cássio Cunha Lima disse receber a notícia com "surpresa" e
afirmou que espera que ela não tenha influência do governo. "Isso
fortalece Tasso e o movimento que ele lidera".